Na quarta-feira, 27 de fevereiro, o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) anunciou sua nova aquisição: a pintura de 110 x 110 cm A Lua, feita em 1928 por Tarsila do Amaral (1886–1973). Em fevereiro de 2018, o museu co-organizou com o Instituto de Arte de Chicago a primeira retrospectiva da modernista brasileira nos Estados Unidos, chamada Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil. “A exposição do ano passado, organizada com Luis Pérez-Oramas e Stephanie D’Alessandro, confirmou nossa convicção de que uma pintura de Tarsila era essencial para a coleção do MoMA” afirma Ann Temkin, curadora-chefe de pintura e escultura do museu. “No entanto, nós sabíamos que um trabalho como esse seria um grande desafio. Nos sentimos extremamente privilegiados de adicionar o trabalho dela à história que contamos nas galerias de acervo do nosso quinto andar”.

A Lua (1928) de Tarsila não participou da retrospectiva do MoMA, apesar da mostra ter focado em sua produção dos anos 1920, que é a época considerada por estudiosos como o ponto alto de sua obra. A tela não estava disponível para empréstimo na época.
Por intermédio do escritório de arte Paulo Zuczynski, A Lua (1928) foi comprada da coleção Fanny Feffer, que estava com a obra desde 1950, por aproximadamente US$ 20 milhões (≈ R$ 75 milhões). Apesar de ter estado nas mãos da iniciativa privada por tantos anos, a tela já havia sido emprestada para exposições no Brasil.
Mesmo que muitos comemorem a entrada da pintura de uma importante artista brasileira na coleção do também importante MoMA, a venda levantou críticas. Há quem acredite que a tela deveria ficar no Brasil, em especial nas coleções públicas do país. Esse tipo de questionamento problematiza a atual situação em que se encontram os museus brasileiros, sucateados, sem recursos para funcionamento básico, quem dirá para aquisições de novos trabalhos.
Não é a primeira venda de uma obra de Tarsila que provoca esse tipo de descontentamento. Em 1995, a prestigiada pintura Abaporu, também de 1928, foi vendida por US$ 1,3 milhão na casa de leilões Christie’s para o colecionador argentino Eduardo Constantini, fundador do Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba), onde a tela fica exposta desde então. O Abaporu (1928) pertencia antes a Raul Forbes. O ex-proprietário afirmou na época que preferia que o quadro permanecesse no Brasil, mas que precisava de dinheiro. Em 2018, um colecionador brasileiro intermediado pela galeria Bergamin & Gomide ofereceu US$ 30 milhões pela pintura, mas Constantini recusou a oferta.