Verbetes
Neocolonial
O neocolonial tenta propor novas bases para a modernização da arquitetura no Brasil. A orientação nacionalista do movimento explicita-se na defesa das manifestações artísticas tradicionais como expressões da nacionalidade e elementos de constituição da arquitetura brasileira (…). O interesse renovado pelo estilo colonial nas primeiras décadas do século 20 pode ser observado em diversos países da América Latina, de modo geral associado às comemorações dos movimentos de independência nacional. No México, Peru, Colômbia, Venezuela e países da América Central nota-se a retomada – utópica e, de certo modo, nostálgica – de motivos decorativos, elementos ornamentais e estilos presentes na tradição e cultura dos povos autóctones (incas, maias, astecas etc.), numa tentativa de substituir o vocabulário eclético importado da Europa no século 19. No Brasil, a ausência de uma arquitetura indígena que pudesse ser resgatada impõe a retomada do barroco e do rococó. Ricardo Severo, engenheiro português envolvido com o estilo Neocolonial, prega a necessidade de um retorno às obras de Mestre Valentim e Aleijadinho, bem como às construções do século XVIII português (…).
Arte Pré-colombiana
Consideram-se artes pré-colombianas as manifestações artísticas dos povos nativos da América espanhola antes da chegada de Cristóvão Colombo, em 1492. Tudo o que resta das grandes civilizações do período anterior à colonização do continente americano pelos europeus é sua arte (…). Fazem parte do universo artístico dessas civilizações tanto os templos e casas quanto as esculturas, relevos, pinturas, utensílios domésticos, objetos ornamentais, amuletos e tecidos. (…) Descobertas arqueológicas indicam que o homem está presente na América há pelo menos 20 mil anos. Contudo, são três as principais civilizações ameríndias conhecidas: a mais antiga, maia, a asteca, que é conquistada e destruída pelos espanhóis, e a inca, desenvolvida nos Andes, na América do Sul, nas regiões atuais do Peru, Bolívia e Equador, expandindo-se para partes da Colômbia, Chile e Argentina (…).

Projetos
Ocupação Aracy Amaral
Entre os projetos de fôlego da vasta obra investigativa da pesquisadora Aracy Amaral estão análises sobre a obra de Tarsila do Amaral ou sobre o papel social da arte, com especial ênfase na discussão sobre modernismo. Segundo a pesquisadora Regina Teixeira de Barros, em entrevista ao Itaú Cultural, uma das principais preocupações de Amaral é a inserção do Brasil no debate e na experiência latino-americana, na medida em que as particularidades linguísticas, culturais e geográficas do País devem ser analisadas em consonância com a experiência dos vizinhos de mesmo passado colonial. Um dos primeiros trabalhos de Aracy foi o livro A Hispanidade em São Paulo (1981), no qual discute a importância da arquitetura hispânica no tipo de construção realizada em São Paulo, a partir de uma rota traçada por Maria de Andrade no início do século 20. Em decorrência da Ocupação no Itaú Cultural em 2017, Amaral reeditou essa pesquisa, atualizando suas investigações.
Fórum Latino-Americano de Fotografia de São Paulo
Desde 2007, o Fórum Latino-Americano de Fotografia de São Paulo passou por vários formatos, buscando criar um campo compartilhado para a discussão e difusão internacional da fotografia produzida na região. Exposições, debates, leituras de portfólio e encontros compõem o evento. O foco na fotografia foi escolhido pela sua capacidade de registrar e transformar o mundo, com potencial simultaneamente cognitivo, estético e educativo. Uma das motivações para a criação do Fórum foi a busca de pontos de identificação do Brasil com a América Latina. Mas o objetivo se expandiu, contribuindo para a formação de redes tanto no campo da fotografia quanto da literatura, as artes visuais e o cinema. A participação de figuras de referência nesse campo é um modo de qualificar o debate e ampliar as possibilidades de parcerias entre artistas, jornalistas, instituições e outros interessados.
Boi Vagamundo
O Boi Vagamundo, selecionado pelo Rumos Itaú Cultural 2017-2018, surgiu no aniversário de 25 anos do Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare. Buscando compreender e interpretar diversas tradições culturais, o projeto foi dividido em três frentes denominadas Latinoamérica, Laboratório e Boi Galado, uma adaptação para as diversas manifestações culturais com o Boi na América Latina.
A pesquisa do grupo foi centrada nas ocasiões de festejos na América Latina. Para tanto, eles desenvolveram as Residências Tupiniquins, no Norte do Brasil, e investigaram o Waka Waka, uma personagem que ironiza a figura do toureiro, como signo do colonizador europeu, na Fiesta de la Virgen del Carmen, no Peru. Nesse país, na Colômbia e no Equador, o grupo desenvolveu laboratórios junto a coletivos e grupos de teatro locais, como forma de estabelecer trocas e compreender pontos de contato entre suas tradições. Em 2020, o Boi Vagamundo apresenta o Laboratório de Cena, como resultado dessas viagens e residências.