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Carne Sintética [Cultured Meat], 2019, de Erika Verzutti (Foto: Eduardo Ortega)
Postado em 30/06/2021 - 8:26
Agenda do fim do mundo (30/6 a 7/6)
Erika Verzutti, Aline Motta no Mateo López e Portos na Baixada Santista são alguns dos destaques da agenda da semana
Da redação

“Os jovens de hoje, contudo – e, aliás, não apenas eles -, estão constantemente retratando a si mesmos. Sendo criativos ou não, sua verdadeira existência parece depender da aparência online. A arte apresentada ao vivo – seja ela o teatro, a música ou as exposições de artes visuais – está completamente morta sem a plateia ou o público. O artista da performance é deixado em abandono na ausência de outros corpos vivos que pulsam. A obra de arte padece, desamparada, quando não há o retorno que faz com que o ambiente vibre.”
Marlies de Munck & Pascal Gielen em Proximidade

EXPOSIÇÕES
Erika Verzutti: A Indisciplina da Escultura
A primeira mostra solo da artista paulistana em um museu brasileiro reúne 79 trabalhos produzidos desde 2003 até 2021, como Torre de Cacau, obra desenvolvida ainda este ano. Com curadoria de Adriano Pedrosa e André Mesquita, a exposição faz parte do biênio das Histórias Brasileiras, do MASP. Em 2021, todas as exposições do museu são dedicadas à produção de artistas mulheres. As obras de Verzutti fazem referência direta a outros artistas, por meio de títulos, forma ou conceito, e, simultaneamente, dialogam com o cotidiano das novelas, tutoriais na internet e vídeos nas redes sociais. Tudo que está ao redor da artista torna-se referência, mas sem nenhum tipo de hierarquia ou disciplina. Até 28/11, no MASP.

Vista da exposição no MAR-RIO (Foto: Divulgação)

Aline Motta: Memória, Viagem e Água
A partir de vestígios documentais de sua própria família, a artista Aline Motta, de Niterói, mapeia narrativas ancestrais que permeiam as relações entre África e Brasil, no passado e no presente. Nos vídeos apresentados em sua mostra individual no MAR, Pontes sobre Abismos (2017), Se o Mar Tivesse Varandas (2017), e Outros Fundamentos (2019), relatos e documentos originais produzem novas leituras, entre a ficção e a realidade, de episódios apagados pela história. A exposição no Museu de Arte do Rio acontece em uma sala imersiva com seis telas. Até 11/7.

Caja de Pinturas (Vale Mist), 2019-2021 (Foto: Edouard Fraipont)

Hesitante, de Mateo López
A maioria dos trabalhos da exposição do artista colombiano na Galeria Luísa Strina é um convite à ativação pelo espectador, como Caja de Pinturas, Staccato, Bosque Paralelo, Monstera, e Si Pero No. Apesar de, no contexto atual, essa ideia de participação e interação com o outro parecer impossível, “seguirá persistindo em provocar e fazer pensar nossa relação com a arte de maneira mais horizontal, lúdica e menos hierárquica”, aposta López. Destaque para os desenhos espacializados, marca registrada do artista, e para a videoinstalação Corpos Desobedientes (2020-2021), que reforça o aspecto da resiliência humana em meio às crises sanitária e política. O vídeo é a documentação de uma obra comissionada pelo Museo Banco de la Republica, filmado em colaboração com os bailarinos Lobadys Perez, Ana Contreras e Melissa Alvarez, que realizam ativações performáticas em lugares de passagem dentro do museu em Bogotá. Ali, segundo o artista, foi impactante ver a imensa biblioteca pública vazia, com os jornais de 17 de março de 2020 intactos sobre a mesa, foi o dia em que começou o lockdown na cidade de López. Até 21/8.

In Absentia 2 – Vermelho, de Paulo Climachauska (Foto: Divulgação)

Portos na Baixada Santista
Idealizada pela equipe técnica do Sesc Santos em parceria com a curadora e antropóloga Ilana Goldstein, a mostra apresenta obras inéditas de 61 artistas do território da Baixada Santista, dentre eles 6 artistas indígenas, apresentando um panorama da arte contemporânea na região. O percurso da exposição é dividido em núcleos: chamado e dedicação ao mar, à navegação e ao porto, maneiras de habitar a terra, paisagem natural e urbana e diversidade étnica e social do território, os diferentes sujeitos que aqui habitam e suas relações. Portos ainda contou com a colaboração de Cristine Takuá e Carlos Papá, curadores convidados da Aldeia do Rio Silveira. Até 20/11 no Sesc Santos.

MAM RJ (Foto: Fabio Souza)

PASSEIO
Oficina de Pipa
Zona Aberta é um ateliê móvel que propõe atividades artístico-pedagógicas nas áreas externas do MAM Rio. O projeto visa a integração e a participação de grupos e pessoas que frequentam o Aterro do Flamengo, a partir de diferentes formas de vivenciar, conviver e se apropriar do museu. Neste sábado, como parte do projeto, acontece uma oficina de pipas com o coletivo I Love MP para ocupar o jardim e os céus do MAM. Serão duas oficinas presenciais, das 10h às 12h e das 14h às 16h. Evento gratuito, sem inscrição prévia.

Desfazenda – Me Enterrem Fora Desse Lugar (Foto: Divulgação)

AUDIOVISUAL
Desfazenda – Me Enterrem Fora Desse Lugar
Criação do grupo O Bonde, com direção de Roberta Estrela D’Alva, a partir de dramaturgia de Lucas Moura, Desfazenda é uma peça-filme com elementos do teatro e do cinema e toda interpretada em spoken word, nome dado a uma forma de performance em que os atores recitam textos. O recurso confere um ritmo percussivo e musical à narrativa, livremente inspirada em uma história real, que parte da descoberta de tijolos marcados com suásticas nazistas em uma fazenda no interior de São Paulo. A direção musical é da atriz, compositora e DJ Dani Nega. Em temporada no canal do YouTube do grupo O Bonde. Até 11/7.

Cartaz do Filme O Muro (Foto: Divulgação)

O Muro
Filmado durante 10 dias em um local ativo de travessia 50km ao norte da fronteira mexicana, o filme narra a história de uma amizade incomum entre uma imigrante sem documentos perdida de seu grupo viajando para os Estados Unidos e um veterano americano que constrói seu próprio muro de lixo no deserto. Dirigido por Genevieve Anderson, o longa problematiza as polêmicas políticas de imigração e o muro real construído em Green Valley, Arizona, focando o drama humano que se desenrola na fronteira. Disponível para streaming a partir de amanhã pelas plataformas digitais Looke, NOW, Vivo Play, Microsoft, Google Play, YouTube Filmes e iTunes.

Banner de divulgação dos cursos de férias da EAV (Foto: Divulgação)

INSCREVA-SE
Programa Imagine Outros Mundos
São três os agrupamentos temáticos propostos para os cursos de férias oferecidos virtualmente pela EAV Parque Lage em julho. O núcleo Modos de Expor apresenta três cursos com foco na exposição como meio, exposições em espaços virtuais e tópicos de curadoria e montagem de eventos. O núcleo Luz e Movimento trará cursos de introdução à fotografia, videoarte e iluminação, além de um curso sobre antotipia, técnica natural do registro fotográfico. Por fim, o núcleo Urgente: Arte Hoje discutirá as questões mais recentes da arte contemporânea, a fotoperformance, a utilização das selfies enquanto linguagem, e arte no espaço expositivo virtual. Os cursos são oferecidos com descontos para alunos de instituições públicas de ensino e amigos do EAV. A partir de amanhã, 1/7.

Banner do programa Comuns (Foto: Divulgação)

Comuns – 2ª edição
O laboratório experimental e participativo fortalece uma rede latino-americana de saberes alternativos nos campo da arquitetura, da cultura, do desenvolvimento sustentável e da defesa do território. A curadoria é orientada por Paula Monroy, arquiteta e pesquisadora chileno-equatoriana, e a comissão é composta por Linda Schilling Cuellar (CH) e representantes do coletivo ativista Aparelhamento (BR) e da Asociación Latinoamericana de Teoría del Habitar – ALTeHa (AR). O Comuns acontece entre 16/9 e 9/10, organizado pelo Marieta, que também está com chamadas abertas para grupos de desenvolvimento em Roteiro, Curadoria, Animação, Documentário e Projetos Culturais. Inscreva-se até dia 1/8.