Mais Valor que Valia, de Maré de Matos
“Reflorestar o peito” é o lema da individual da artista mineira, com inauguração hoje, 23/2, na Galeria Lume. Por meio da poesia, palavra, bordado, fotografia, entre outros, Matos denuncia a relação capitalista entre desenvolvimento e devastação. “Falo de uma bagunça cognitiva que nos desvincula de valores fundamentais, como a preservação da natureza, e proponho a conexão com recursos importantes, como a sensibilidade e a atenção. Não é sobre mim, é sobre paradigmas que afetam a humanidade”, afirma a artista, que ganhou projeção em São Paulo ao apresentar a instalação Fundamento (2019) no 36º Panorama de Arte Brasileira do MAM, em 2019, com curadoria de Julia Rebouças. Entrada gratuita.
ABERTURAS
Abdias Nascimento: Um Artista Panamefricano
A mostra monográfica debruça-se sobre a produção artística desta figura multifacetada, enfatizando, sobretudo, sua contribuição para a pintura modernista brasileira. Com cerca de 60 trabalhos – datados de 1968 a 1998 – a exposição evidencia as características do movimento pan-africanista, como as cores, formas, fontes e o imaginário ‘ladino-amefricano’ (termo cunhado pela amiga e interlocutora política de Nascimento, Lélia Gonzalez , para se referir à experiência negra na América Latina). A mostra faz parte do programa de 2022 do MASP dedicado às Histórias Brasileiras, que culmina na realização de uma grande exposição coletiva ainda este ano. Curadoria de Amanda Carneiro e Tomás Toledo. No MASP, a partir de 25/2.
O Colecionador
A partir deste sábado, 26/2, a Pina Estação sedia a mostra coletiva que foi idealizada a partir da obra Introdução à História da Arte Brasileira 1960-1990 (2015), de Bruno Faria, pertencente ao acervo da Pinacoteca A instalação reúne 168 discos de vinil, cujas capas foram desenhadas por artistas visuais como Hélio Oiticica, Regina Vater, Guto Lacaz, Alex Flemming, entre outros. Juntam-se à obra do artista recifense outros trabalhos do acervo do museu, que também discutem apropriação e ressignificação de objetos pela prática colecionista contemporânea, de nomes como Jac Leirner, Mabe Bethonico, Nelson Leirner, Raphael Escobar e Thiago Honório.
EM CARTAZ
Wave – Novas Correntes nas Artes Gráficas Japonesas
Com 55 ilustradores japoneses, a mostra, na Japan House São Paulo, é uma edição do evento anual realizado em Tóquio e revela a cena criativa da ilustração oriental, reunindo artistas veteranos ao lado de novatos, com estilos que vão muito além do mangá e anime. Sob a curadoria da dupla Hiroshi Sugiyama e Kintaro Takahashi, a exposição faz parte do projeto global de itinerância da instituição, com passagem pelas 3 sedes, iniciada em Los Angeles em 2021. Até 1/5.
Francisco Brennand: Um Primitivo Entre os Modernos
Em itinerância, a mostra – exibida pela primeira vez na Gomide & Co, em São Paulo – chega à Carpintaria, no Rio de Janeiro, para narrar a trajetória dos objetos cotidianos, da natureza-morta e dos seres míticos que, para Brennand, ganham vida pelo processo de queima da cerâmica. Segundo Julieta González, curadora da exposição, o acontecimento de 1959, quando, durante a 5a Bienal de São Paulo, o artista recifense foi elencado como ‘artista primitivo’, é ponto de partida para refletir sobre o que vemos exposto hoje. Em cartaz até 9/4.
La Estatura de la Libertad, de Jorge Macchi
“Minha intenção é que se perceba um rio subterrâneo que passa por todos os objetos, embora eu não possa definir o nome desse rio”, afirma o artista sobre sua sexta mostra individual na Galeria Luisa Strina. O conjunto de obras é permeado por conceitos como a memória, o efêmero, a transparência, o fantasma, a representação do som, a subversão da lógica e a desintegração da imagem. Na obra Acorde, peça feita de cerâmica esmaltada composta por 88 peças em preto e branco que reproduzem um teclado de piano em escala 1:1, Macchi busca congelar o momento da execução de um acorde cujo som já desvaneceu, ou permanece, o que de um modo ou de outro o torna inaudível. Até 16/4.
Mestre Didi: Panteão da Terra
Confira, até 12/3, a individual do escritor e artista afro-brasileiro acerca das múltiplas relações do homem com seu meio ético, social e cósmico. Mestre Didi começou, com apenas 8 anos de idade, a conviver com grandes mestres africanos, o que se reflete em sua produção artística, dedicada às comunidades nagôs e ao sagrado. ”Suas obras carregam a experiência e a respiração dos mais antigos aos mais novos, de geração em geração. Condensando sua história pessoal e sua capacidade de transcender”, escreve Juana Elbein dos Santos no texto crítico. Em cartaz na Simões de Assis, São Paulo.
MÚSICA
Controle, de Dellima
Depois da baphônica Sadomazoca, em parceria com a cantora e blogueira Nobre Ju, o cantor queer lança novo single, em que mistura o Pagotrap e o Pop com personalidade, inovando este estilo que já é sucesso na Bahia. Ao lado de Nêssa, expoente da música popular contemporânea baiana, Dellima transborda fetiches e sensualidade do universo Pansexual. “A nova cena musical da Bahia é muito potente, e eu fico muito feliz em fazer essas conexões com os artistas da mesma cena que eu, que estão no mesmo corre que eu”, comenta Nêssa. A canção, que é parte do álbum Dellírio, com lançamento previsto para março, está disponível em todas as plataformas de streaming e no canal no Youtube do cantor.
TEATRO
Súbita Companhia
A companhia curitibana de teatro chega a São Paulo para estrear os espetáculos Mulher, Como Você Se Chama?, de Janaina Matter, e O Arquipélago, de Pablito Kucarz, solos que são apresentados sequencialmente na sala 7 da Oficina Cultural Oswald de Andrade em curta temporada, de 8 a 12/3. As peças integram o projeto Habitat, composto por cinco solos, com direção de Maíra Lour, que investiga a relação do próprio corpo como casa, buscando nele questões poéticas, políticas e estéticas. Entrada gratuita.
INSCREVA-SE
Minicurso sobre Regina Silveira: Outros Paradoxos
Nos dias 9 e 11/3, a curadora Daniela Maura Ribeiro realiza visita comentada na exposição Regina Silveira: Outros Paradoxos, em cartaz no Museu de Arte Contemporânea da USP. Daniela é pós-doutoranda no Instituto de Artes da Unesp, com a pesquisa “Regina Silveira e Julio Plaza: Agentes da Arte Conceitual Brasileira”, e sua tese de doutorado em História Social também é dedicada ao estudo de uma faceta da obra da artista: “A Fotografia na Arte Contemporânea e o Terreno da Ficção: Regina Silveira e Carlos Fadon Vicente”, defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. As aulas in loco acontecem, respectivamente, às 15h e 10h30, com reservas até um dia antes via IG. R$ 80. O MAC-USP é um museu público e tem visitação gratuita.