A exposição de Krajcberg (1921-2017) em diálogo com obras do fotógrafo e amigo Luiz Garrido na Pinakotheke Cultural São Paulo é digna de museu. Panorama da trajetória do artista polonês naturalizado brasileiro, com fotografias do processo e do cotidiano de Krajcberg em seu ateliê-casa na Bahia, o título da exposição vem de uma frase dita a Marcia Barrozo do Amaral: “Sonhei, e ao acordar a natureza estava preta e branca. (…) O branco vela o negrume das árvores queimadas”. A marchande e fundadora da Associação Amigos de Frans Krajcberg conta ainda que ouviu muitas vezes ele dizer: “A estética não me basta. É necessário que a obra possa ecoar e reverberar o grito que trago no peito”. Recentemente falecida, Marcia Barrozo é uma das principais responsáveis pelo cuidado e catalogação da obra de Krajcberg:. “Além de excepcional artista (…), foi um combatente, um ativista ambiental, quando ainda pouquíssimos se sensibilizavam pelo tema e por suas drásticas consequências. Impossível examinar suas esculturas, pinturas e relevos sem a conexão profunda e indissociável com a causa que o artista abraçou, integral e decididamente ao longo de sua vida”. Até 6/5.