Pleurer, pleuvoir. Chorar, chover. A instalação principal da mostra solo de Koens no Instituto de Artes da Unesp, em São Paulo, mobiliza os dois termos em francês que o artista condensou descolonialmente no acrônimo PLEU. A “terra da garoa” diz respeito à cidade que o artista escolheu para viver, onde — por ter chegado a São Paulo em 2013 — não viu nem bruma nem brisa da tal da garoa. E, porque ele chega quando o desastre climático já se instaurou suspendendo por tempo indeterminado a garoa, é que pauta sua ética de artista numa ecologia radical da arte e da tecnologia. Manipulando o código para atuar como um assistente de ateliê e desfazendo os comandos dados pelo algoritmo ao descosturar uma parte do bordado ou ao eleger uma área de corte diferente da estabelecida por ele, Andrey Koens transcende os debates de arte e tecnologia para poder se dedicar ao estudo da paisagem do tempo presente. Cada gota de orvalho suspensa no espaço de sua exposição carrega um detalhe da paisagem também processada digitalmente com saída artesanal. E, amarrando o começo e o fim do percurso, Mil Formas de Cair num Buraco (2023) se completa com Para Afogar, obra performática montada apenas para a abertura da mostra. No mezanino, a série Na Terra da Garoa mostra uma chuva de fuligem que tomou os céus de São Paulo num dia parado de pandemia, e que Koens testemunhou do quintal de casa, talvez pensando que, finalmente, garoou nessa terra. Até 20/5.