Na exposição em que Rosângela Rennó comemora o 25º aniversário de seu Arquivo Universal, projeto que instaurou a apropriação de fotografias de arquivo como procedimento chave de sua pesquisa artística, a artista inaugura uma nova fase do trabalho, em que carrega nas tintas da intervenção sobre a fotografia apropriada.
Para a série Cerimônia do Adeus (1992), que reunia uma série de retratos de recém-casados confiscados dos arquivo de uma fotógrafa de festas que conheceu em Cuba, agora está a série Nuptias (2017), um mosaico de colagens em técnica mista sobre fotografias de noivos das mais diversas procedências. Com a diferença que, com estas intervenções agressivas, satíricas e divertidas, Rennó reafirma um discurso em defesa da pluralidade de uniões afetivas independente de convenções. “A aceitação dos novos modelos não é unânime e, menos ainda, universal. No Brasil o que parece ser natural para muitas pessoas ainda é considerado uma doença ou um desvio comportamental abominável”, diz a artista.

Para Bodas de Prata (1992), uma coleção de chapas de metal com reproduções de textos de jornais que falam de amor e casamento, vale agora Bodas de Porcelana (2017), uma série de pratos comemorativos organizados em duplas. Pregados à parede, os casais de pratos escondem sua face interna e revelam apenas o verso, onde le-se o título do trabalho original Cerimônia do Adeus.
Arremata a exposição uma placa, situada na entrada da galeria, onde a artista responde aos acontecimentos recentes de violência e tentativa de censura contra exposições de arte. Nela está escrito: “Pense bem antes de entrar neste recinto”. E, prevenindo o visitante incauto de conteúdos que eventualmente possam ofender sensibilidades, conclui: “Se decidir entrar, aja com responsabilidade: aceite o exposto com naturalidade. Disfarce, se for necessário”.
Serviço
Nuptias – Rosângela Rennó
Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais, 350 – São Paulo
até 16/1
galeriavermelho.com.br