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Postado em 01/07/2013 - 10:01
Arte para um sonho universal
Nina Gazire

Curadoria de Massimiliano Gioni para a 55 a Bienal de Veneza se inspira em Palácio Enciclopédico, obra utópica Marino Auriti, de 1945

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Legenda: Empty Set, do brasileiro Helio Fervenza (Foto: divulgação)

A tradicional Bienal de Veneza chega à sua 55a edição com a aguardada curadoria de Massimiliano Gioni, que também está à frente do New Museum de Nova York e da Fundação Trussardi, de Milão. Apesar da estreia em um dos maiores eventos da arte mundial, Gioni não é novato e foi cocurador da mesma bienal, em 2003. Para esta edição, ele propõe o conceito Il Palazzo Enciclopedico. A ideia para o “Palácio Enciclopédico” surgiu a partir da invenção patenteada pelo excêntrico artista e inventor ítalo-americano Marino Auriti, que em 1955 teve a ideia de um museu imaginário que reuniria todo o conhecimento da humanidade. O museu de Auriti nunca foi realizado, mas serviu para que Gioni definisse seu plano curatorial a partir de “cosmologias pessoais”, que navegam em tempo de vertiginosa circulação da informação, em permanente confronto de subjetividades.

O curador escalou artistas cujas poéticas pessoais vêm da proscrição, da marginalização e até mesmo da mística pessoal. Artistas cujas produções estiveram longe do mercado e do circuito. Exemplo é a apresentação do Livro Vermelho, do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, no pavilhão central do Giardini. Os desenhos e escritos das visões de Jung serão mostrados pela primeira vez em um contexto artístico.

A mostra O Palácio Enciclopédico, “um programa sobre obsessões e o poder transformador da imaginação”, segundo Gioni, inclui artistas como os norte-americanos Morton Bartlett e James Castle, que em vida nunca obtiveram reconhecimento e são donos de uma obra solitária e autodidata. Mas o circuito mainstream também está representado. Trabalhos dos norte-americanos Richard Sierra e Bruce Nauman fazem parte da mostra que tem curadoria especial da fotógrafa Cindy Sherman. Outra novidade é a criação de novos pavilhões nacionais. Reconhecido como território soberano, o Vaticano será um dos 88 estados que participam pela primeira vez da Bienal de Veneza. Com o título Holy See (Olhar Sagrado), a curadoria da Sagrada Sé trará arte contemporânea feita por dez artistas de diferentes lugares do mundo, com obras centradas no primeiro livro do Gênesis que conta a história da construção da Torre de Babel. Para o pavilhão Brasil o venezuelano Luiz Perez-Oramas selecionou Helio Fervenza, Odires Mlászho, Max Bill, Lygia Clark e Bruno Munari.

Serviço:

55ª Bienal de Veneza

Palazzo Enciclopedico
Até 24 de novembro
Veneza

*Publicado originalmente na edição impressa #12.