Lúcio Ventania, mestre bambuzeiro, construtor, educador e ator de teatro, como se define, tem soprado aos quatro cantos o bambu enquanto planta sagrada milenar capaz de trazer soluções regenerativas para diversas demandas da sociedade e, ao mesmo tempo, gerar impacto em comunidades em estado de vulnerabilidade social, que, uma vez aprendizes de seu processo metodológico de manuseio, têm a chance de alcançar autonomia socioeconômica.
Não à toa, além de artista que literalmente domina as artes dos ofícios que combina, é diretor do Cerbambu Ravena, Centro de Referência do Bambu e das Tecnologias Sociais, em prol de justamente cumprir com o propósito de ventar no caos ambiental que se instalou no mundo o bambu como resposta. Segundo ele, “existem soluções extremamente simples para se fazer a coisa certa”. Impossível ouvi-lo dizer isso e não lembrar da dimensão ética do título Do The Right Thing que batiza o filme de Spike Lee na segunda metade da década de 1980.


Agora, seus ventos, que até então balançavam sobretudo em projetos arquitetônicos, como na cozinha-escola para o Mercado Central de Belo Horizonte, nas chamadas geodésicas e em elementos construtivos como telhas e painéis, sopram também nas artes visuais, como na obra que fez para a exposição Constituinte do Brasil Possível, aberta em outubro no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro, em que elaborou uma leitura em bambu do dirigível Santa Cruz, que fora projetado pelo jornalista, escritor, farmacêutico e abolicionista José do Patrocínio (1853-1905).

