icon-plus
Vista da exposição Lugar Público no Sesc Pompeia [Foto: Alexandre Leopoldino/ Sesc Pompeia/ Divulgação]
Postado em 03/04/2025 - 11:59
DERIVA NO SESC POMPEIA
Em exposição que abre neste sábado, Antoni Muntadas projeta obras inéditas que dialogam com o espaço projetado por Lina Bo Bardi

Em Coluna Móvel para a terceira edição da revista celeste, Deriva, traduzimos uma palestra de Antoni Muntadas sobre a arte no espaço público – ou melhor, a arte pública. A diferenciação é uma das muitas que o artista espanhol faz para marcar, através de oposições, formas de pensar a arte no espaço público. Não basta à arte pública ser transplantada a esse espaço – ou seja, há uma especificidade necessária –; Não basta ser admirada de forma distanciada – em geral, esse é o privilégio do monumento –; Não basta traçar com quem vê uma relação de consumo ou estar alheia às dinâmicas sociais do lugar – porque ali existe uma comunidade pré-existente, cuja relação com o artista este último deve decidir.

A palestra do artista é uma boa introdução para a força e rigor do título da exposição curada por Diego Matos para o Sesc Pompeia, em São Paulo, que abre neste sábado (5/4). Afinal, o texto foi selecionado para a edição Deriva justamente porque os paradigmas da deriva envolvem a reflexão crítica e ativa sobre o espaço público ao percorrer por ele. Não a toa, Muntadas diz que “o projeto para o Sesc Pompeia trata de aproximar os dois conceitos de público, no sentido de definir um projeto total e ao mesmo tempo específico para o lugar. Ele retoma um território com diversas referências de uso e propõe um espaço a percorrer; um espaço de deriva”, explica Muntadas. Mas, para além disso, também dá indícios das decisões que, a despeito de nossa percepção do objeto final, tiveram que ser tomadas em relação ao espaço e a nós, que o visitamos. Ao trabalhar no edifício projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, Muntadas traz obras localizadas em sua língua, tamanho, disposição, mas também nas mensagens que escolhe exibir. O site-specific não é uma obra adaptada ao espaço, mas como o espaço, mediado pelo artista, toma forma através de uma nova fruição.

Vista da exposição Lugar Público no Sesc Pompeia [Foto: Alexandre Leopoldino/ Sesc Pompeia/ Divulgação]
Os trabalhos dizem sobre a vontade de transformar densidade habitacional em vida coletiva, visitante em cidadão, habitar a cidade em refletir sobre a urbe e seu desenvolvimento. Em última instância, implantar a semente da derrubada das barreiras entre o trabalho e o público e entre o público e a cidade. Para isso, se espalham ocupando toda a unidade com três propostas distintas: uma deriva, uma pausa para reflexão, um chamado à memória. Este último, aliás, na forma de uma apresentação do trabalho do artista por um arquivo de trabalhos anteriores, o que favorece a acessibilidade a um novo público. O chamado se desdobra em ativação através da interação com a montagem em dispositivos audiovisuais, espaciais e linguísticos; mas a natureza dessa interação permanece aberta. Como diz Muntadas, “não há a intenção de configurar uma exposição fechada em si com percurso definido. A ideia é a de um caminho aberto, como um passeio, um deslocamento no qual acontece um encontro com múltiplos elementos distribuídos no espaço”.

Com expografia concebida pela arquiteta Anna Ferrari e com trabalho gráfico do artista e designer Vitor Costa, a exposição foi realizada pelo Sesc São Paulo com apoio da Embaixada da Espanha no Brasil e do Instituto Cervantes.

SERVIÇO
Lugar Público – Muntadas
Visitação: de 05 de abril a 10 de agosto
Terça a sábado, das 10h às 21h
Domingos e feriados, das 10h às 18h
Sesc Pompeia, São Paulo