A Fundação Bienal de São Paulo anunciou em março os curadores da 35ª edição, prevista para 2023. Seguindo a regra politicamente correta da coletividade e não hierarquia, o presidente da Fundação, José Olympio da Veiga Pereira, divulgou que a próxima edição conta com um coletivo de curadores, composto de quatro integrantes: a escritora e pesquisadora Diane Lima, a artista multidisciplinar, escritora e teórica portuguesa Grada Kilomba, o antropólogo, crítico e pesquisador Hélio Menezes e o historiador de arte espanhola Manuel Borja-Villel.
Este “novo” modelo curatorial pretende desenvolver o trabalho de maneira descentralizada, estabelecendo uma relação horizontal entre os integrantes do coletivo e sem a figura de um curador-chefe. “A decisão foi pautada pela qualidade do projeto, que se mostrou arrojado e fora da caixa. Faz parte da concepção do trabalho esse modelo de curadoria coletiva e horizontal. Com esse time rico, diverso em experiências e repertórios, com visões plurais, e um projeto ambicioso, tenho uma expectativa extremamente positiva. Acho que teremos uma Bienal exuberante”, revela Olympio à seLecT. “Convidamos diversos especialistas e duas equipes acabaram integrando voluntariamente suas propostas em uma única. Achamos o resultado impactante e ele acabou sendo escolhido”, finaliza.
A pedido dos curadores, sempre que utilizadas suas imagens, deve-se seguir um padrão definido: uma colagem com quatro retratos dos membros do coletivo distribuídos em ordem alfabética. O princípio desta edição da Bienal, que indica uma tentativa de descolonizar o modelo tradicional de curadoria, passa a ser questionado quando a ordem alfabética adotada segue o modelo europeu e estadunidense, de ordenar pelo sobrenome, o que deixa em primeiro lugar da lista, convenientemente, um homem europeu e branco. Descolonizamos a montagem dos retratos e reordenamos segundo a convenção vigente em Pindorama, a partir do primeiro nome e não do sobrenome, confira a remontagem nesta página. Aguardemos cenas dos próximos capítulos.