Após a apresentação do projeto Amazônia: Uma Residência Editorial, realizada em pela seLecT em parceria com a Pro Helvetia, a primeira atividade realizada entre os artistas participantes e a equipe foi uma entrevista com os arqueólogo Eduardo Neves (São Paulo, 1966) e Jennifer Watling. Os pesquisadores, ligados ao Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, desenvolvem a hipótese, baseada em uma investigação interdisciplinar que envolve arqueologia, antropologia e história, de que a floresta amazônica é o resultado de interações entre a natureza e as populações locais. Além de desmistificar a noção da floresta como puro acontecimento natural, demonstrando como a diversidade é o modo de operar central das populações indígenas nesse manejo da seleção e cultivo das plantas, Neves e Watling defendem a ideia da Amazônia como bem biocultural. Fundamental para a manutenção climática e ecológica do planeta como um todo, a floresta é também depósito de conhecimentos e práticas indígenas que apontam outras formas de relações entre humanos e não humanos.

A entrevista foi conduzida por Leandro Muniz e Paula Alzugaray, com participação dos artistas residentes Denilson Baniwa, Vanessa Lorenzo e Guerreiro do Divino Amor e da equipe formada por Nina Lins e Claudio Savaget. Tradução e interpretação por Laura Valente. Agradecemos também a Sandra Pandeló pela gentileza em nos colocar em contato com os arqueólogos, de fundamental importância no desenvolvimento das pesquisas e reflexões sobre o território amazônico.
Eduardo Neves e Jennifer Watling falam da Amazônia como patrimônio biocultural
Eduardo Neves e Jennifer Watling falam da diferença entre domesticação e o conceito de familiarização
Eduardo Neves fala do conceito de alteridade vegetal
Eduardo Neves e Jennifer Watling falam da participação de indígenas nas pesquisas arqueológicas
Eduardo Neves e Jennifer Watling falam sobre a “arqueologia dos trópicos”
Eduardo Neves e Jennifer Watling falam sobre a possibilidade de novas pandemias