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Fotografia com foco seletivo de Claudio Edinger (Foto: Divulgação)
Postado em 14/10/2016 - 12:15
Entre o esquecimento e a memória
Claudio Edinger, que ministra workshop no Valongo Festival Internacional da Imagem, fala do foco seletivo
Paula Alzugaray

Na mesa em que mediou conversa entre os fotógrafos Felipe Russo, Tuca Vieira e Tetawaki Nio, a artista e crítica Giselle Beiguelman (do conselho editorial de seLecT) citou Hito Steyeri, artista da 32ª Bienal de São Paulo: “A câmera é hoje não mais instrumento de documento, mas de projeção do sujeito no espaço”.

Essa qualidade da fotografia como intenção e projeção de questões pessoais está presente no trabalho de Claudio Edinger com foco seletivo. O fotógrafo, que ministra um workshop no Valongo Festival Internacional da Imagem, em Santos, SP, ressalta a importância da síntese e da redução de elementos na composição de uma imagem, porém, sugere um paradoxo. “Muitas vezes o que está em foco tem muito menos importância e diz menos do que o que está fora da área de foco”, disse Edinger a seLecT.

O resultado dessa técnica aproxima o olhar da lente objetiva ao funcionamento do olho humano. “Nessa imensa área que rodeia o ponto focal, é onde está localizada a fantasia”, diz ele. Além disso, no campo expandido das associações entre fotografia e psicanálise, ao desfoque pode se associar o esquecimento. E ao foco, a memória. Muito há o que se ler, portanto, nas imagens de Edinger. Mas, aqui no Valongo, ele é quem empreende leituras das imagens dos fotógrafos inscritos no workshop.