Com silhuetas vazadas e contornadas ao longo da revista, imagens e textos se conectam a partir de um tratamento equânime – linha editorial adotada pela seLecT_ceLesTe desde o lançamento, em 2011. E nesta edição, por ser P&B, o tratamento gráfico das imagens se mistura ainda mais com a tipografia, potencializando o desafio de trabalhar com texto e imagem em um mesmo plano.
Esta edição não é inteira P&B, mas quase toda. A perda de saturação é uma das propostas gráficas, que começa colorida e se acinzenta ao longo das páginas do número intitulado TERRA.
Entre preto e branco, há cinza.
É difícil falar hoje de TERRA sem pensar em cinzas que permearam a produção desta publicação da seLecT_ceLesTe: as cinzas de terras devastadas, as cinzas das mortes ocorridas durante o último governo no Brasil; o cinza da especulação imobiliária de um espigão em construção acelerada, ao lado da redação da revista, em São Paulo, durante o fechamento da última edição.
Ainda que cinza enquanto cor e elemento permeie atrocidades capitalistas, cinza é ambivalente. Também caracteriza o rompimento crítico de um pensamento bipartidário/binário, de preto e branco, que a revista adota ao tratar as pautas da arte contemporânea; além do cinza da própria impressão P&B da revista, que viabiliza uma edição física acessível a mais pessoas.
Ao entender a arte como ferramenta crítica, a seLecT_ceLesTe se propõe a novas experimentações gráficas que acompanham a pauta de cada publicação da revista. Entre a impressão de tinta preta sobre a folha branca das páginas desta edição, convivem diferentes cinzas que propõem a reflexão sobre diversas questões da arte contemporânea.
