A atual edição do Rumos Artes Visuais, com o subtítulo Convite à Viagem, apresenta um dos mais consistentes conjuntos de trabalhos da história do evento. Não por acaso, é também a edição que retoma boa parte das origens bem-sucedidas da sua estrutura de funcionamento.
Quando realizado pela primeira vez, há 12 anos, esse pioneiro mapeamento da arte contemporânea estabeleceu uma curadoria central compartilhada e informada por curadores-adjuntos, escolhidos nas regiões culturais em que atuavam. Embora a instituição tenha sofrido amnésia seletiva ao esquecer esse DNA do projeto, e apresente o conceito de viagem como novidade desta edição, pelo menos salvou a criança ao jogar a água do banho fora. Retomou parte de um modelo de prospecção que respeita e valoriza as diversidades regionais, estabelecendo interlocução com curadores referendados por atuação local, capazes, portanto, de conhecer o melhor da produção artística recente.
Algumas edições do Rumos Artes Visuais foram especialmente mal prospectadas (medíocres até) quando pilotadas apenas a partir do eixo Rio-São Paulo e por curadores ETs. Sim, aqueles que descem do disco voador com a missão impossível de fazer escolhas em poucos dias, a partir de uma realidade quase desconhecida. Deixando um rastro de exclusão de difícil justificativa nos fatos.
Foram 1.770 inscritos e 45 artistas selecionados. A maioria concentrou-se em quatro estados: Rio de Janeiro (24,4%) São Paulo (17,8%), Rio Grande do Sul (15,6%) e Minas Gerais (8,89%). A exposição integral vai itinerar para o Rio de Janeiro no fim deste ano e, em segmentos, para quatro outras cidades: Goiânia (15/5 a 1º/7), Belém (17/7 a 2/9), Joinville (18/9 a 4/11) e Recife (24/10 a 9/12). Trata-se de bem-vindo excesso de bagagem, a demonstrar que a viagem rendeu.