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Postado em 17/03/2025 - 2:52
Explosão do mercado secundário
Dados são da 7ª Pesquisa Setorial sobre o Mercado de Artes Visuais no Brasil; Victoria Zuffo, presidente da Abact, detalha o levantamento

A Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abact) divulga os resultados da 7ª Pesquisa Setorial sobre o Mercado de Artes Visuais no Brasil e celeste conversa com Victoria Zuffo, presidente da entidade. A partir de uma apreciação crítica da pesquisa setorial, além do crescimento da receita das galerias brasileiras com vendas de mercado secundário, salta aos olhos o gasto pequeno com comunicação e marketing. Entre as recomendações incluídas na pesquisa setorial, sob a rubrica “comunicação e marketing”, vemos que Abact e Act consideram comunicação a presença das galerias em redes sociais e marketing a promoção de presença digital global, ou seja, investimento em redes sociais, newsletters e plataformas de e-commerce. Na entrevista a seguir, Zuffo detalha objetivos e foco da pesquisa e explica pontos como diversidade e comunicação.

 

Gostaríamos de começar solicitando a lista de galerias que responderam ao questionário da pesquisa quantitativa: a leitura e interpretação dos achados da pesquisa muda muito se conhecermos melhor o universo pesquisado.

Com o objetivo de ampliar a participação e fortalecer a representatividade do setor, a Pesquisa Setorial da Abact, pela primeira vez, convidou todas as galerias mapeadas no Brasil a participar, independentemente de serem associadas à entidade. Para garantir uma ampla adesão, a Abact realizou um intenso trabalho de mobilização, entrando em contato direto com cada galeria e incentivando sua participação. O intuito foi alcançar um número significativo de respondentes e, assim, assegurar a relevância da pesquisa para o setor.

Visando garantir a confidencialidade das informações fornecidas pelas galerias, a coordenação do projeto, conduzida pela Act. Arte, adotou uma metodologia rigorosa e utilizou uma plataforma que garante a anonimização e a agregação dos dados coletados, assegurando o sigilo absoluto dos respondentes. É importante ressaltar que, em conformidade com o acordo de anonimato estabelecido, os nomes das galerias participantes não serão divulgados em nenhuma hipótese. Essas medidas reforçam a segurança e a credibilidade do processo, de modo que, mesmo que quiséssemos, não teríamos acesso a dados individuais dos participantes.

 

Por que os meios de comunicação tradicionais e segmentados (especializados em artes visuais) não são mencionados em parte alguma da pesquisa? Isso significa que, para as galerias entrevistadas, nenhuma importância é dada à imprensa, a produção de conhecimento crítico e criação de memória sobre a arte brasileira e no Brasil? Significa, ainda, que para Abact e Act, a função social do jornalismo cultural é insignificante?

A Pesquisa Setorial da Abact, realizada em parceria com a ApexBrasil por meio do Projeto Latitude, tem como objetivo principal analisar o desempenho e as perspectivas das galerias brasileiras no mercado internacional, com foco em sua participação em feiras e eventos no exterior.

Dessa forma, o questionário foi estruturado para abordar um panorama abrangente da atuação internacional das galerias, e, por essa razão, priorizou temas como exportação de obras, participação em feiras internacionais, e estratégias de internacionalização, permitindo, inclusive, comparações com outras pesquisas já existentes no setor.

No momento, o foco da pesquisa não está na relação entre galerias e mídia, mas reconhecemos a importância da imprensa na produção de conhecimento crítico e criação de memória sobre a arte brasileira. Acreditamos que a sua questão levanta um ponto relevante para futuras pesquisas, e poderemos considerar a inclusão de tópicos relacionados à mídia em edições posteriores do estudo. Reiteramos nosso apreço pela função social do jornalismo cultural e agradecemos a oportunidade de esclarecer o escopo e os objetivos da Pesquisa Setorial.

Ainda que a pesquisa setorial faça um levantamento de artistas representados nas galerias pesquisadas por extrato de gênero, não traz números sobre a diversidade (ou não) do ponto de vista racial ou de classe social. Tampouco consta qualquer levantamento a partir de marcadores de gênero, classe ou raça que se debruce sobre os galeristas e os funcionários das galerias: por que não interessou a vocês pesquisar esses outros recortes?

Em sua edição atual, a pesquisa priorizou a coleta de dados sobre a diversidade de gênero entre artistas representados pelas galerias, buscando oferecer uma visão inicial sobre a representatividade nesse âmbito. Essa escolha se deve à necessidade de equilibrar a profundidade da pesquisa com a viabilidade de coleta e análise de dados, considerando o tempo dos respondentes e buscando garantir uma alta taxa de participação. Além disso, seguimos a estrutura de anos anteriores para permitir comparações e acompanhar a evolução do setor ao longo do tempo. 

Reconhecemos a importância de aprofundar a análise da diversidade no mercado de arte, incluindo recortes raciais, sociais e de gênero. A cada edição, buscamos aprimorar a pesquisa e ampliar sua abrangência. A inclusão de novos recortes, como os mencionados em sua pergunta, será objeto de análise e discussão para futuras edições do estudo.