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Mulher de pé, escultura que retrata ideal de beleza do Médio Império Egípcio, no aplicativo de Escultura em Forma (Foto: Karen Montija)
Postado em 09/08/2017 - 6:17
Fliperama Educativo
Atividade do Programa CCBB Educativo usa tecnologia como forma de mediação na mostra O Corpo É a Casa, de Erwin Wurm
Da redação

A obra do artista austríaco Erwin Wurm apresenta um humor bastante característico e já conta bastante com a participação direta das pessoas. Em suas populares One Minute Sculptures, não se pode falar de espectador, visto que essa palavra traz a passividade de alguém que assiste a um fato. Nelas Wurm dispõe objetos à frente do público, com um texto instrutivo e ilustração. Esse público, então, é convidado a realizar uma ação por um minuto, tornando-se a escultura em si. Diante disso, como criar ações educativas, conversas e debates para pensar os conceitos que giram em torno de O Corpo É a Casa, em cartaz no CCBB-BH, em Belo Horizonte.

A estratégia pensada pelo Programa CCBB Educativo foi a atividade Escultura em Forma. Levando em conta que Wurm muito reflete sobre as possibilidades da escultura, apesar de trabalhar com diversas linguagens, a equipe pensou em tornar mais acessíveis conteúdos relacionados a esse assunto por meio de um aplicativo. “Escolhemos sete esculturas ícones da história da arte como forma de mediação. Enquanto o público vai mexendo no computador, vamos discutindo questões escultóricas, até chegarmos na arte contemporânea”, conta Daniela Chindler, coordenadora do projeto educativo do CCBB, à seLecT.

Dispositivo para a atividade Escultura em Forma, no CCBB-SP (Foto: Karen Montija)

 

Trata-se de uma plataforma que funciona como um fliperama, disposto em meio à exposição, com um joystick e seis botões, os quais permitem que o público faça mudanças nas esculturas Vênus de Willendorf, idealização da figura feminina; Akhenaton, faraó da XVIII Dinastia do Egito; Mulher de Pé, retrato da beleza ideal no Reino Médio do Egito; Clio, musa grega que simboliza a história; O Homem Que Aponta, de Alberto Giacometti; e Bailarina, de Fernando Botero. Pode-se acrescentar às obras objetos e roupas, e alterar as cores, além de “remodelar” cada figura.

Com essas alterações, o programa educativo introduz o debate a respeito dos trabalhos de Erwin Wurm, em especial aqueles em que o artista trabalha com conceitos de engordar e emagrecer objetos. “A mecânica de engordar trabalha com a questão do consumo exacerbado, enquanto a de emagrecer trata da opressão”, diz a coordenadora. “A ideia do aplicativo é que a pessoa perceba pouco a pouco o quanto ela já sabe sobre arte.” Trata-se de um passo significativo em direção ao uso de tecnologia como ferramenta para mediação. “Estamos instrumentalizando o público para que, numa próxima exposição, ele possa se sentir à vontade para iniciar conversas com as próprias obras expostas”, conclui Daniela Chindler.

Serviço
O Corpo É a Casa, de Erwin Wurm
CCBB-BH
Praça da Liberdade, 450
Até 18/9
culturabancodobrasil.com.br