A cópia, a reprodução, o remix e as apropriações, vistos como paradigmas dos processos de criação, compõem as áreas selecionadas desta edição
Ler, escrever e publicar, que na era Gutenberg foi um processo produtivo quase exclusivo do profissional de imprensa, hoje é uma prática social irrestrita. As organizações sociais são desenhadas para a interação e o leitor torna-se colaborador ativo da cadeia criativa. Uma nova paisagem midiática delineia-se e seLecT dedica-se a decifrá-la e a participar dela.
Num mundo em que o fluxo de informação é vasto e descentralizado, uma revista deve ser um lugar de conexão e articulação. Deve ser um ambiente em que o exercício da comunicação é também da imaginação.
Num tempo de discursos multidirecionais, a revista deve ser uma ferramenta de navegação que facilite o transitar permanente entre áreas.
Estamos propondo um modelo de jornalismo cultural que dê conta dessa nova realidade de uma forma transversal. Tomando emprestada a frase de Lala Deheinzelin sobre os caminhos das economias criativas que hoje se fortalecem mais e mais, afirmamos que “o futuro é trans”: transversal, transdisciplinar, transetorial…
seLecT, portanto, é uma revista trans. Atravessamos artes visuais, design, arquitetura, moda, mídia, softwares, games, música, gastronomia… E para transitar por esses campos ampliados da cultura, reunimos profissionais também trans, que não se encaixam em categorias estritamente definidas.
Giselle Beiguelman, nossa editora-chefe, é midiartista e professora da FAU-USP. Seu trabalho artístico e teórico é referência em arte digital.
Angélica de Moraes, editora de artes visuais, é jornalista, crítica de arte e curadora.
Ricardo van Steen, diretor de arte, é designer, cineasta e artista visual.
A repórter Juliana Monachesi é uma talentosa crítica de arte, assim como Nina Gazire, jornalista com mestrado sobre ciberfeminismo. E esta que vos fala é também documentarista, curadora e crítica.
Como tema de estreia de seLecT elegemos trabalhar sobre os novos modelos de criatividade, que surgem com as mídias digitais e que prescindem da originalidade.
A cópia, a reprodução, o remix e as apropriações, vistos como paradigmas dos processos de criação, compõem as áreas selecionadas desta edição.
O exercício da cópia criativa começa já na capa. Para representar a temática de seLecT 01, escolhemos o fenômeno das “clonebridades” na internet. E para ilustrar esse conceito tão contemporâneo, a equipe de arte partiu de uma livre apropriação da capa da Vogue América de março.
Bem-vindo à seLecT, onde as ideias se multiplicam e são transcriadas.
Paula Alzugaray
Diretora de redação