
Se na segunda metade do século 20 a produção brasileira estava orientada para tendências abstratas e geométricas, o mesmo acontecia com outros países da América Latina. Hoje são comuns exposições no Brasil que mostram trabalhos do concretismo e neoconcretismo nacional. Não tão comum, no entanto, é encontrar uma coletiva que exiba lado a lado artistas brasileiros e latino-americanos do período. Construções Sensíveis, em exibição no CCBB Rio até 17 de setembro de 2018, traz representações da Argentina, Colômbia, Cuba, México, Uruguai e Venezuela, além dos brasileiros Geraldo de Barros, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Mira Schendel e Thomas Farkaz.
A exposição apresenta um recorte de 120 trabalhos da coleção Ella Fontanals-Cisneros, que acumula mais de 2,5 mil obras, e tem curadoria de Rodolfo de Athayde e Ania Rodríguez. Entre pinturas, esculturas, instalações, livros, fotografias, vídeos e obras cinéticas, o conjunto apresenta diálogos evidentes, apesar de não existir diretas comprovações sobre intercâmbio entre artistas da América Latina na época. “Os nexos podem ser estabelecidos a partir de uma sensibilidade comum evidente, que filia as tendências derivadas do construtivismo como paradigma estético”, salienta a curadora Ania Rodríguez.
Em termos de expografia, a exposição traz uma seriedade excessiva e pouca inventividade. Mas, apesar disso, o que remanesce de uma visita a ela é a reflexão sobre os vínculos inegáveis entre países da América Latina. A mostra também presta homenagem à exposição Arte Agora III, América Latina: Geometria Sensível, exibida no MAM do Rio e destruída pelo incêndio de 1978, que levou também quase todo o acervo do museu.
Serviço
Construções Sensíveis: A experiência geométrica latino-americana na coleção Ella Fontanals-Cisneros
Até 17/9
CCBB-Rio
Rua Primeiro de Março, 66 – Rio de Janeiro
bb.com.br/cultura