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Postado em 06/09/2013 - 6:23
Letras & Estrelas
Guilherme Kujawski

Alfabeto Infinito, exposição de Angela Detanico e Rafael Lain, é inaugurada na Fundação Iberê Camargo

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Legenda: Obra Infinito, 2013 (foto: David Rato)

No princípio, a dualidade entre arte e tecnologia tinha um componente adicional: ciência. Portanto, arte, ciência e tecnologia desembocam numa tríade perfeita (esqueçamos, nesse contexto, aquela outra tríade: ciência, tecnologia e sociedade). Há muito tempo que artistas vêm descartando a ciência como fonte de inspiração, quando não de método de trabalho. Não é o caso de Angela Detanico e Rafael Lain, artistas gaúchos baseados em Paris. Veja-se, por exemplo, os trabalhos reunidos numa exposição inaugurada às margens do Guaíba, naquele singular edifício desenhado e construído pelo arquiteto Álvaro Siza, um presente magnífico para a cidade de Porto Alegre. 

Com curadoria de Solange Farkas (diretora da Associação Cultural Videobrasil), a exposição Alfabeto Infinito encaixa-se perfeitamente na proposta formal do prédio da Fundação Iberê Camargo, com suas curvas, clarabóias e ondulações. Sim, pois estamos tratando de formas geométricas, conjunções de astros e, sobretudo, de linguagens. 

Tome-se, como exemplo, a instalação Alfabeto, formada por letras gregas em neon coordenadas de acordo com a posição de estrelas específicas. Ou Infinito, obra baseada no sistema de classificação de estrelas criado pelo astrônomo alemão Johann Bayer (1572 – 1625) que nomeava os astros mais brilhantes de cada constelação com a primeira letra minúscula do alfabeto grego (no caso da instalação, essa ordem é representada por círculos concêntricos de alumínio). 

Outro destaque é Nomes de Estrelas, um trabalho que remete ao sistema ptolomaico, no qual todo o universo era formado por esferas concêntricas (as estrelas se “estampavam” na última esfera).

O conjunto da obra, realizado por meio de várias técnicas e mídias, reflete um verdadeiro exercício de codificação, em que os artistas procuram construir uma nova “escrita”; uma escrita calcada nos astros, tema recorrente no trabalho da dupla. Mas, antes de tudo, uma escrita que se desdobra além dos horizontes do Guaíba, que vai além das luzes da cidade e atinge o fundo infinito do céu.

De 6 de setembro a 17 de novembro
Av. Padre Cacique, 2.000 | Porto Alegre | RS | Brasil
telefone [51] 3247-8000