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Jimson Weed/White Flower No. 1, de Georgia O’Keeffe (Fotos: Divulgação)
Postado em 30/08/2016 - 2:09
A mãe do modernismo
Cultuada por feministas devido a suas pinturas e sua importância na história da arte, Georgia O'Keeffe ganha exposição na Tate Modern
Ana Abril

Flores, paisagens do deserto do Novo México e crânios de animais desenhados com traços suaves e ressaltados com uma paleta de cores vivas são as marcas artísticas de Georgia O’Keeffe, um mito da pintura. Tida como a pioneira do modernismo norte-americano, é do outro lado do oceano Atlântico, em Londres, que a pintora ganha uma exposição com alguns dos seus melhores trabalhos, na Tate Modern. Entre as obras que podem ser vistas até 30/10, destaca-se Jimson Weed/White Flower No. 1 (1932). A pintura é famosa por ser a tela de autoria feminina leiloada pelo valor mais alto já pago na história: US$ 44,4 milhões.

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Dead Rabbit with Copper Pot (1908), de O’Keeffe

Ainda criança, O’Keeffe destacou com sua obra Dead Rabbit with Copper Pot (1908), que a levou a ganhar uma bolsa de estudos em Nova York, deixando assim Wisconsin, sua terra natal. A tela pintada com óleo de cores apagadas e estilo acadêmico, porém, não agradava a própria artista. Ela, inclusive, passou quatro anos da sua vida sem tocar nos pincéis, pois, segundo ela, o tradicionalismo da sua arte não a levaria a ser uma figura renomeada. Foi apenas em 1912 que O’Keeffe redescubriu o prazer pela pintura com ajuda dos ensinamentos de Arthur Wesley Dow, professor que incentivava a autoexpressão de seus alunos através do uso da linha, da cor e das formas. Assim, a artista criou seu próprio estilo, enquadrado dentro do modernismo.

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Grey Line with Black, Blue and Yellow, de Georgia O’Keeffe

Suas telas de flores, muitas vezes lidas como representações subjetivas de vaginas, fizeram da artista um objeto de culto dos movimentos feministas. Frustrada com esse ponto de vista sexual, O’Keeffe deixou a abstração para abraçar o realismo fotográfico e o paisagismo moderno, de fortes traços indígenas. O’Keeffe não tinha laços de parentesco com os povos originários de América – a artista era filha de mãe húngara e de pai descendente de irlandeses –  mas adotou os tons hispânicos e indígenas na sua obra mais tardia a partir da observação da paisagem de Novo México, onde morou e trabalhou durante anos.

Apesar da rejeição de O’Keeffe de ser encaixada dentro da arte feminista, é inegável a importância dessa artista na história das mulheres. Em 1946, foi realizada uma retrospetiva sobre a pintora no Museum of Modern Art (MoMA), a primeira de uma mulher. Ela ainda foi eleita membro da Academia Americana das Artes e das Letras, em 1962. Uma das suas frases mais célebres foi “os homens tentam me diminuir falando que sou a melhor mulher pintora, eu acho que sou uma das melhores pintoras”. Feminista ou não, O’Keeffe sabia seu papel de destaque no mundo artístico.

Ram's Head White Hollyhock and Little Hills, (1935), de Georgia O'Keeffe
Ram’s Head White Hollyhock and Little Hills, (1935), de Georgia O’Keeffe