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Postado em 14/06/2012 - 11:03
Marte: Do it yourself
Paula Alzugaray, de Nova York

O Programa Espacial: Marte, de Tom Sachs, pousa em Nova York e constrói um mundo paralelo entre a arte, a ficção científica e o parque temático de fundo de quintal

Esqueça Marte Ataca!, Missão: Marte e outros clássicos do cinema catástrofe ou do pastelão sci-fi. Tom Sachs Space Program: Mars não tem nada a ver com nada que você já viu.

Mas, talvez, nos sonhos mais idílicos, alguma vez você já tenha filmado a si mesmo num fundo de quintal, brincando de viagem espacial…
Bem, é exatamente isso que o artista Tom Sachs e seu time de treze assistentes estão fazendo nesse momento, até o domingo 17 de junho, no Park Avenue Armory de Nova York: ocupando os monumentais 17 mil metros quadrados de um mega salão, construído no século 19, com uma incrível coleção de instalações e esculturas que reproduzem equipamentos aeronáuticos e o ecossistema de nosso planeta vizinho mais pop. 

Nada de Disney World, The Wizarding World of Harry Potter ou outros parques temáticos, em que a fibra de vidro e a resina acrílica alcançam resultados suspeitos, de uma natureza fake ou de uma fantasia que cisma em não se descolar do real.

Em Tom Sachs Space Program: Mars, tudo é bricolagem, feito com matéria barata da vida mais mundana: muita sucata, blocos de cimento e carrinhos de rolemã, que ficam em exposição total, mostrando a engenhosidade do fazer manual, nos mínimos detalhes.

Todas as etapas da vida astronáutica foram pensadas para este projeto, em que a equipe se mudou para o ginásio da Park Avenue por 4 semanas: a estufa de cultivo e plantas terráqueas, a cozinha portátil para o preparo de feijão e arroz, a estação de empacotamento de amendoins, o ginásio para treinamento físico, o mini-museu das amostras do solo de marte, a sala das câmeras de segurança, a sala de sushi… 

Marte10

Sobrevivência, colonização e exploração científica de ambientes extraterrestres são as etapas cobertas pela missão.

Um detalhe: só a equipe de Tom Sachs tem permissão para brincar. O visitante, como em qualquer museu – nenhuma novidade, já estamos acostumados – vai colecionando ao longo do caminho as mil e uma formas de se escrever “proibido tocar”: do not touch, back off, wet fuckin resin… à exceção do módulo “indocrination”, um departamento burocrático, com cara de escritório kafkiano, em que, depois de assistir aos filmes no cinema da missão espacial, o visitante deve responder algumas perguntas para talvez ser admitido como um membro do time. 

O prêmio é uma excursão ao Landing Excursion Module (LEM), uma cápsula espacial em escala real inteirinha feita à mão. Dentro da instalação, o novo integrante da missão tem direito a 90 minutos de demonstrações e narrativas sobre o “Plano de vôo”. 

O Programa Espacial do artista norte-americano Tom Sachs foi lançado em 2007 com uma missão para a Lua, montada na Gagosian Gallery de Los Angeles. Agora, com a missão a Marte, e especialmente nas quatro “máquinas de efeitos especiais” que estão em um dos extremos do salão do Park Avenue Armory, Sachs de certa forma volta a evocar as imagens televisionadas da viagem do homem à Lua em 1969, que tanta polêmica causaram na época.

Nos quatro filminhos produzidos pelos equipamentos (um deles pode ser conferido em vídeo postado no YouTube, abaixo), fica a sugestão: viagem espacial sempre será ficção científica. Ou um grande teatro, a julgar pelas duas arquibancadas de cadeiras de armar, montadas nos dois extremos no espaço.

Space Program: Mars by Tom Sachs

Park Avenue Armory, Nova York, até 17 de junho