O Museu das Origens finalmente vai existir. Embora não nos moldes iniciais arquitetados pelo crítico Mário Pedrosa, em um de seus últimos projetos antes de falecer, em 1981, mas trazendo o espírito de pluralidade e a cooperação de acervos de várias instituições culturais brasileiras. Em 1976, Pedrosa propunha a criação de um espaço que conglomerasse os acervos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o MAM, o Museu das Imagens e do Inconsciente e o Museu do Índio, que já existiam, somados à ideia de um Museu do Negro e outra instituição, dedicada à arte popular. A proposta não foi sequer discutida na época por uma série de entraves, inclusive ideológicos, já que o Brasil passava pelos Anos de Chumbo da ditadura militar.

“A premissa é que a proposta original provoca muitas reflexões sobre as políticas da memória no país; a ideia é que essa exposição atualize e amplie essas reflexões ao criar contextos em que as histórias, os acervos e os gestos instituintes de múltiplos espaços de memória possam se cruzar, ser comparados, debatidos”, conta à seLecT_ceLesTe o curador do Instituto Tomie Ohtake, Paulo Miyada, que desenvolveu a exposição Museu das Origens, junto ao Itaú Cultural, ao longo dos últimos 18 meses. A mostra será aberta simultaneamente no ITO em 9/9 e no IC a partir de 6/9.

Com curadoria de Miyada, Izabela Pucu, Ana Roman, Thiago de Paula Souza e Daiara Tukano, o Museu das Origens abarca áreas como arqueologia, botânica, luta pela terra, memória política, museologia social e patrimônio imaterial. Segundo Miyada, a mostra “pode ser um passo para muitos desdobramentos expositivos, discursivos, públicos, e articular iniciativas de memória em curso”. Com o objetivo de alimentar discussões sobre processos, artistas e movimentos de todo o país, a exposição junta acervos de instituições como o Museu de Imagens do Inconsciente, o Museu Paraense Emílio Goeldi, o Museu dos Quilombos e das Favelas Urbanas, de Belo Horizonte, o Museu da Natureza do Parque da Serra da Capivara, o Museu de Arte Moderna da Bahia e a Rede de Museus Indígenas do Ceará, entre outros.