“Sobre o que exatamente estamos falando quando falamos de Arte Pop?” Essa parece ser a pergunta mote para International Pop, em cartaz no Walker Art Center (Minneapolis, EUA). A mostra, com curadoria de Darsie Alexander e Bartholomew Ryan, é resultado de cinco anos de pesquisa e se apresenta como uma das mais ambiciosas exposições históricas realizadas pelo museu. O desconforto diante da quase impossibilidade de uma resposta satisfatória a uma pergunta que beira a retórica poderia ser o grande problema da exposição, mas acaba rendendo alguns de seus melhores momentos.
Para além do clichê da história oficial – que situa a Arte Pop como o momento entre o fim dos anos 1950 e princípios dos anos 1960, inicialmente identificado na Inglaterra e rapidamente assimilado e repotencializado nos Estados Unidos, quando jovens artistas deixaram de lado o abstracionismo para retomar a figura, interessados em conceitos como o kitsch, o consumo, a sociedade de massa e o cotidiano – a curadoria busca apresentar a Pop como um impulso nômade, contagioso, que se espalhou não só pela Inglaterra e EUA, mas também por Japão, América Latina e o restante da Europa, onde foi celebrada, rejeitada, transformada e ressignificada a partir de outros contextos sociais, políticos e econômicos.
Essa pluralidade de caminhos e possibilidades se traduz em números: International Pop reúne cerca de 125 obras de mais de cem artistas de mais de dez países. A possibilidade de reexaminar um dos momentos fundadores da arte contemporânea provavelmente foi o grande motivador para que artistas que nunca se consideraram herdeiros da “tradição Pop” autorizassem a participação de seus trabalhos. O conjunto de obras brasileiras, um dos maiores da exposição, reúne produções tão diferentes (misturadas a outras matrizes e referências), e ao mesmo tempo tão próximas (no que se refere ao interesse pelo uso de novos procedimentos no campo da arte, além do posicionamento político), quanto a de nomes como Waldemar Cordeiro, Nelson Leirner, Antonio Manuel, Antonio Dias, Anna Maria Maiolino, Raymundo Colares, Rubens Gerchman, Claudio Tozzi e Antônio Henrique Amaral.
A mostra ganha contornos mais potentes no catálogo, com textos inéditos, escritos por pesquisadores de diferentes partes do mundo. Em setembro, essa discussão ganha novo desdobramento quando a Tate Modern inaugura, em Londres, a mostra The World Goes Pop, sobre o mesmo tema.
*Crítica originalmente publicada na seLecT #24