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Natureza Morta (1948), pintura de Flavio-Shiró (Fotos: Jaime Acioli)
Postado em 26/09/2018 - 3:58
O pintor de universos díspares
Pinakotheke Cultural do Rio de Janeiro exibe mostra panorâmica de Flavio-Shiró, que acaba de completar 90 anos
Da redação

Flavio-Shiró nasceu em 1928 em Sapporo, Hakkaido, Japão. Chegou ao Brasil quatro anos depois. E desde 1953, vive e trabalha em Paris. Esse percurso é o que fez Paulo Herkenhoff começar seu texto sobre o artista com: “O pintor de três universos culturais díspares é também o artista erudito que assegurou um lugar histórico bem definido na modernidade, em diáspora migratória e atração pelos centros de arte”. O texto de Herkenhoff está em publicação da Edições Pinakotheke, que acompanha exposição panorâmica de Shiró na Pinakotheke Cultural do Rio de Janeiro, em cartaz até 17/11.

Sem Título (Déc. de 1960), pintura de Flavio-Shiró

A individual celebra 90 anos do artista e percorre sua carreira artística dos anos 1940 até a atualidade. A seleção de obras, curada por Max Perlingeiro e pelo próprio Shiró, inclui 44 pinturas, desenhos, fotografias e objetos. O conjunto contempla obras figurativas, a transição para o abstracionismo informal e o posterior retorno à figuração. No entanto, engana-se quem pensa poder encaixar sua produção em grupos. “Por mais de sete décadas, sua opção pelo moderno nunca esteve condicionada pela busca de um espaço nas correntes contemporâneas da arte (…) “, indica Herkenhoff na publicação. “(…) talvez coubesse melhor designá-lo como transcultural, pois a obra propõe a convivência do intercâmbio Ocidente/Oriente, Norte/Sul ou Sapporo/Tomé-Açu/Paris”, continua.

Tanto a exposição quanto o livro colaboram para colocar no mapa a contribuição da cultura nipo-brasileira à abstração e ao modernismo no Brasil. Até 2008, quando o Instituto Tomie Ohtake montou grande individual de Shiró e publicou catálogo, o artista não tinha texto que compreendesse sua trajetória. Como destaca Herkenhoff, “a imigração japonesa parece excluída do modernismo paulistano deslanchado em 1922”. Por essas e outras, Max Perlingeiro, diretor da Pinakotheke, decidiu editar uma trilogia sobre o assunto em 2012. Já haviam sido publicados Manabu Made, Anos 1950-1960 Tomie Ohtake, Construtiva. Flavio-Shiró agora completa o trio.

Serviço
Flavio-Shiró
Pinakotheke Cultural Rio de Janeiro
Rua São Clemente, 300
Até 17/11/2018
pinakotheke.com.br