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Clay, 2016, de Paulo Nimer Pjota (Foto: Andy Keate/Cortesia do Artista)
Postado em 09/07/2021 - 1:49
Pjota na Ilha de Chios
Exposição resultante de residência apresenta obras de Paulo Nimer Pjota em velho matadouro em ilha grega

Em um antigo matadouro na Ilha de Chios, o artista brasileiro Pjota apresenta a exposição Imagens Fragmentadas, Histórias Fragmentadas com obras inéditas que partiram de intensa pesquisa de três meses realizada pelo artista em residência no território histórico. As obras abrem novos caminhos de pensamento e novas perspectivas para lidar com o passado, com o esquecido e o inaudito. Em Chios, a quinta maior ilha da Grécia, é possível encontrar sítios arqueológicos, museus e bibliotecas que preservam a história antiga e contemporânea do lugar. Chios é um tesouro natural e histórico da Grécia e sua localização, próxima à Turquia, permite discussões sobre fronteiras, deslocamento e limites.

A pesquisa do artista foi desenvolvida em residência do DEO Projects, organização local e global que tem como objetivo fomentar uma cena artística contemporânea na ilha ao tecer parcerias com museus, espaços públicos ou independentes. Em seu primeiro programa de Séries Comissionadas o DEO Projects propõe um novo modelo de produção que parte da parceria entre um artista internacional, um curador e um patrono. Juntos, os três projetam uma experiência dinâmica e flexível para que o artista selecionado desenvolva suas obras. A patrona convidada para essa edição foi a brasileira, colecionadora de arte, Jéssica Cinel.“O projeto foi construído com muita consistência e estrutura, principalmente quando falamos das linhas curatoriais. O DEO Projects é um espaço de trocas culturais”, conta a patrona à seLecT.

Paulo Nimer Pjota- (Foto: Sisnando de Luca)

O processo de intensa pesquisa veio carregado de surpresas, Pjota se interessou, por exemplo, pelas fachadas escavadas com motivos geométricos do vilarejo de Pyrgi. As obras de Pjota sugerem narrativas polifônicas sobre histórias transnacionais e desconstrói hierarquias de poder presentes nas iconografias das diferentes culturas e territórios. “Há um forte diálogo entre a Grécia que a Ilha de Chios traz à tona, suas mitologias e símbolos e a pesquisa contemporânea do artista”, diz Cinel.

Com uma pesquisa empírica em arquitetura vernacular e popular, e nas padronagens usadas em suas fachadas, o artista brasileiro não esconde o impacto de estar em um lugar que foi solo para diversos impérios como o Bizantino e o Otamano, e tantos outros povos de culturas diversas. “É possível encontrar resquícios históricos muito vivos como, por exemplo, mesquitas que se tornaram igrejas ortodoxas, mas mantiveram a arquitetura original”, conta o artista à seLecT.

Sou leão, Sou Demais Pro Seu Quintal, (Foto: Bruno Leão/Cortesia do Artista)

“Chios carrega histórias contraditórias, emoções de orgulho e decadência, produzindo um mosaico social de comunidades que deixaram sua marca na história da ilha”, diz o curador grego Akis Kokkinos, fundador do DEO Projects. Para ele, a pesquisa de Pjota se potencializa em Chios e potencializa, também, o intuito do programa. “É um artista que cria uma experiência polivocal, um sentimento de pertencimento no público”, completa. A escolha por expor os trabalhos de Pjota no Matadouro de Chios reforça o sentido do projeto. O espaço preserva memórias e histórias da ilha, abrindo espaço para profundas leituras do público local. O processo do artista brasileiro, que trabalha várias obras concomitantemente, é capaz de gerar efeitos únicos de cruzamento entre o passado e o futuro, e nos faz pensar sobre o presente. A exposição presencial Imagens Fragmentadas, Histórias Fragmentadas abre no sábado 10/7 e segue em cartaz até 10/8, das 18h às 21h no velho matadouro da Ilha de Chios no Parque dos Voluntários. Saiba mais sobre a exposição no site oficial do programa.