Uma redação de revista de arte recebe centenas de e-mails diariamente; a maioria deles são releases (textos de sugestão de pautas jornalísticas) de eventos, exposições, produtos e serviços relacionados ao tema da revista, mas nem toda assessoria de imprensa filtra tão bem assim os destinatários (perfil da publicação e compatibilidade entre o conteúdo proposto e o conteúdo propriamente veiculado pela revista), de modo que uma parcela de e-mails fica num limbo entre a falta de interesse e a ausência de tempo extra para conseguir dar a devida atenção a tudo o que chega, ainda que pertinente em relação ao escopo do veículo de comunicação. Refletindo sobre esses fluxos informacionais foi que, em 2012, a seLecT criou a seção digital “o release do dia”, assim como seus colegas “o post do dia” (já que as pautas podem surgir de um e-mail de sugestão recebido, do monitoramento das redes sociais, entre outras – muitas – fontes de informação) e “o vídeo do dia”, que circularam durante alguns anos, enquanto ainda era possível dedicar tempo a isso. Em 2022, portanto dez anos depois da criação das referidas seções, percebemos que os assuntos e fluxos do material recebido pelos mais diferentes canais de comunicação com a revista mudaram bastante de perfil. Publicamos hoje, para marcar a volta da retranca #oreleasedodia ao nosso site, um texto que nos chega da marca engajada The Feminist Tea, cujo lema é SOMOS AS NETAS DAS BRUXAS QUE NÃO PUDERAM QUEIMAR!, e que comercializa chás, produtor relacionados, como o roupão Deusa, muito adequadamente.
Eu posso fazer muito pelas mulheres. Você pode fazer muito pelas mulheres. As ongs podem fazer muito pelas mulheres. As empresas podem fazer muito pelas mulheres. Os homens podem fazer muito pelas mulheres. Os negócios de impacto podem fazer muito pelas mulheres. O @thefeministtea pode fazer muito pelas mulheres. MAS SE NÃO TIVERMOS MULHERES NA POLÍTICA, TUDO AINDA SERÁ INSUFICIENTE!!
Quem vc acha que pode de fato tomar decisões pras mulheres de maneira integral e coletiva? Quem pode criar políticas públicas de segurança e saúde que protejam as mulheres? Quem pode pressionar as empresas e o mercado pra termos igualdade salarial? Quem pode pressionar o judiciário pra termos julgamentos justos?
Quem pode criar projetos de leis que aumentem a punição pra casos de violência? Quem pode melhorar as cidades pras mulheres e crianças criando creches, por exemplo?? Quem pode fornecer apoio municipal principalmente pras mulheres periféricas? O poder executivo, os políticos, prefeitos, vereadores, senadores!! E também o legislativo, mas deixaremos isso pra 2022.
Hoje as mulheres brasileiras são responsáveis únicas por 40% dos lares, estão presentes em 44% do mercado formal de trabalho; mesmo com salários 20% menores, em média, em relação aos dos homens; e ocupam as mais diversas profissões, tanto no setor público quanto no privado. Não há mais uma profissão sequer que a mulher não possa desempenhar com competência e eficiência.
Mesmo com tanta importância na economia e na sociedade, as mulheres brasileiras ocupam apenas 13% do total das cadeiras do Senado, 15% na Câmara dos Deputados e apenas a 140ª posição no ranking de representatividade feminina no parlamento, entre 193 países pesquisados, segundo o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) e da União Interparlamentar. Uma situação inaceitável e desonrosa para nós e, principalmente, para o Brasil. Quais as razões dessa injustificável discriminação em pleno século 21?
Existem razões históricas, culturais, políticas, econômicas e sociais que impuseram essa triste realidade à mulher brasileira, que agora começa a se mobilizar de maneira organizada para mudar essa injusta situação. A cultura machista que permeia a sociedade brasileira por séculos também atingiu e discriminou a participação feminina na política. Somente na década de 1930, conseguimos ter o direto ao voto. Somos uma das nações que mais demorou a reconhecer esse direito.
Não podemos mudar o passado, mas precisamos mudar o futuro. Em quase 1/4 das câmaras de vereadores, não há sequer uma mulher eleita. Também é preciso fiscalizarmos para evitar a repetição do que ocorreu nas eleições de 2018, com o lançamento de candidaturas laranjas de mulheres, que só serviram para completar a cota mínima e, em alguns casos, para desviar recursos públicos eleitorais.
Nessas eleições, não se esqueça, VOTE EM MULHERES QUE DEFENDEM OS DIREITOS DE MULHERES!!
Conheça mais sobre The Feminist Tea no blog da empresa.