Por três vezes busquei a localização
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
E uma página em branco. vazio imenso. Scroll infinito
Fui levada diretamente – e trazida de volta – às questões da ampulheta, que se deixa levar quando a distração toma conta. Estava claro, pausa.
Mas o rastro se perdeu e a pausa virou lapso no tempo, no espaço e principalmente, na memória. Não dá pra saber que imagem era aquela essa, nem de onde ela vinha. Esse branco, o que é o lapso que está na minha mãe, no meu sogro, na mãe da minha amiga, de três na verdade, em mim embolando o tempo no corpo, ou no que sobra dele, nele. a pausa: era vista como uma coisa boa e virou lapso, a vilã que nos estados unidos derrubou o presidente.
.
Grandes pranchas distribuídas no espaço da biblioteca concentravam o mesmo de cada coisa, de cada evento, de cada tema do mundo. O que poderia ser visto como uma catalogação, mostrou a Warburg a potência dos intervalos entre as imagens, geradoras do que ele chamou de fórmula de pathos. Tais intervalos, de certa forma, interrompem a uma imagem e nos lançam à seguinte. Essa interrupção produz um movimento de passagem, um flash que hoje em dia fica fácil de imaginar se pensamos no cinema, ou, mais precariamente, quando passamos as páginas dos flipbooks. O intervalo causa algo físico em nós que está para além da razão. Talvez.
.
Carta branca. Trocando o comando de um banco pela busca de um conhecimento ainda desconhecido, inventou uma nova forma de pensar e o atlas mnemosyne. Ou atlas da memória
.
Warburg pensou também o nachleben, que é mais ou menos uma sobrevivência da imagem à passagem do tempo. A imagem não acompanha o tempo da história, ela reincide a cada vez que o algo físico dentro de nós que está para além da razão toma a direção e nos embica para o desconhecido.
.
Se a imagem “treme”, essa clareira me olha fixamente e me chama ao jogo, não pisca.
.
E agora repenso no Biden, minha mãe, meu sogro, eu, minhas três amigas e suas mães embicados para esse desconhecido – ou para esse querer desconhecido de não sabermos
.
decidiu que atravessar a fronteira dentro de uma mala seria a melhor forma de chegar ao outro lado do muro. A mala de couro seria mais flexível e, na verdade, o coube certo. Calculou o tempo, levaria três horas aproximadamente …. tudo previsto. Percorreu em torno de 200 quilômetros em curvas, sentiu o frio, o escuro, os barulhos do carro, do aperto, tudo previsto. Um longo deslize, um arremesso, um lançamento, tombo, aterrissagem. A mala foi lançada ao chão. Depois de tanto, abriu a mala, tudo previsto. A luz do sol refletida em todos os ângulos sobre a neve branca. O mesmo lugar
.
Julie est partie
.
Inspira em 4 e expira em 8
Inspira em 4 e expira em 16
Pausa
Solta o ar
.
je ne t’ aime plus
.
buffering
.
pele fria de mármore seco
.
O ar que sai leva a temperatura interna do meu corpo, quente
Sinto a narina direita
esvazia completamente os pulmões
o ar frio entra pela narina esquerda
Pausa: