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Confetes Para Te Deixar Mais Feliz, Ruy (2008), de Fabio Morais (Foto: Cortesia do artista)
Postado em 01/07/2021 - 11:10
#tbt seLecT #24
Leitura, tradução, decodificação e transliterações entre o escrito e o visual pautam a edição #24 de seLecT
Da redação

A seLecT #24, de junho/julho de 2015, tem como capa O Amante (2015), edição de Fábio Morais para o romance de Marguerite Duras, em versão porta-guardanapos esmaltado, contendo todas as páginas do livro. No portfólio, a jornalista Márion Strecker não apresenta um artista plástico que também escreve livros. “Fábio Morais, definitivamente, não é um escritor e ponto. Assim como não é um artista plástico e ponto”, anota. Seus projetos expressam, na ponta do lápis, o tema da edição: as relações amorosas, possessivas, conturbadas, enigmáticas e irônicas que os artistas visuais desenvolvem com as palavras e a literatura.

Roda Mundo, roda-gigante, rodamoinho, roda pião, o tempo rodou num instante e hoje, seis anos depois, Fábio Morais está iniciando o curso online Escrita Inscrita, no Núcleo seLecT de Arte e Comunicação.

A edição localiza a palavra como centro gravitacional também na poética da artista francesa Dominique Gonzalez-Foerster, cujo diálogo com o escritor catalão Enrique Vila-Matas ganha na seLecT uma análise comparativa improvável com as correspondências entre o também catalão Joan Miró e o poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto. Na ocasião, Gonzalez-Foerster era a protagonista do romance Marienbad Electrique, que Vila-Matas lançaria em setembro, em Paris. Num arroubo ficcionalizante, o ensaio de Paula Alzugaray se refere aos artistas como “dois personagens caçados por um pássaro”, título de tela pintada por Miró em 1976.

Ainda na chave “diálogos”, a revista convida o poeta João Bandeira para escrever sobre a pintura que Fábio Miguez vinha realizando nos últimos anos, fazendo uso de palavras. “Parece que, no começo, pensou nas placas de estrada”, anota Bandeira. “Os quadros verticais, principalmente, têm quase o mesmo formato e a tipografia semelhante; só que, ele disse, seriam ‘placas poéticas’”. No mês de julho em que a edição circulou, obras de Fábio Miguez e Fábio Morais integraram uma exposição no Espaço seLecT, em evento off Flip, em Paraty.

Outro diálogo digno de nota se dá nessa edição entre os escritores Nuno Ramos e Ronaldo Bressane – que por sinal também rodou o mundo e voltou a colaborar com a seLecT na edição #51, que será lançada na primeira semana de julho de 2021. Bressane entrevista Ramos sobre o novo livro, Sertões.

Já os processos de tradução, digitalização e decodificação da palavra culminam nos ensaios do jornalista Gustavo Fioratti sobre a dificuldade de tradução de Grande Sertão Veredas para o alemão; e de Giselle Beiguelman, sobre a cultura do código digital em Vilém Flusser e Eduardo Kac. O processo de reedição da revista Código – que nos anos 1960 reuniu em torno da poesia concreta Augusto e Haroldo de Campos, Waly Salomão, Lenora de Barros, Julio Plaza e Regina Silveira – e sua tradução para o ambiente digital (http://www.codigorevista.org/nave/)– feito por um grupo de jovens pesquisadores de arte, arquitetura, literatura e semiótica, é acompanhado de perto por reportagem de Luciana Pareja Norbiato.

Leia, releia, decodifique a seLecT #24 aqui.

Capa da seLecT #24