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Postado em 26/08/2011 - 12:58
Torto e direito
Formas orgânicas dominam os projetos de design e arquitetura, sinal de tempos que mudam e da tecnologia que avança. Quatro arquitetos – Marcio Kogan, Eduardo Longo, Anna Dietzsche Guillaume Sibaud – revelam o que pensam das linhas tortas e retas

 

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Marilia Scalzo

Será que o homem entortou de vez? Da rigidez das linhas retas à folia das curvas, a arquitetura  tomou um caminho que vem mudando aceleradamente juntamente com os homens nos últimos anos. Basta folhear revistas especializadas para notar que as formas orgânicas (tortas) ocupam cada vez mais espaço em suas páginas, tanto em projetos de casas, prédios e edifícios públicos como em objetos.Se, de um lado, a tendência aponta para a flexibilidade, de outro também pode indicar desperdício e exibicionismo – excessos de um mundo que precisa urgente se reorganizar. O que já aparecia no desenho de Oscar Niemeyer e nas tímidas curvas do arquiteto finlandês Alvar Aalto (1898-1976) chegou às formas vertiginosas de Frank Gehry, graças à tecnologia. Gehry, que projetou a obra-marco dessa arquitetura “torta”, o Museu Guggenheim de Bilbao, consegue fazer o que faz com um programa de escaneamento em três dimensões desenvolvido pela Nasa.

A era digital pode trazer para a arquitetura o fim do ortogonal. Com programas de computador capazes de fazer cálculos estruturais em três dimensões, é possível transformar em realidade projetos que antes jamais se ergueriam. A ciência então, paradoxalmente, teria o poder de afastar o homem do racionalismo. A tecnologia consegue aproximar a criação humana da natureza, em formas orgânicas, livres. Distantes da busca pela funcionalidade pregada por seus antecessores, arquitetos como o espanhol Santiago Calatrava, o inglês Norman Foster ou o canadense naturalizado norte-americano Frank Gehry procuram o efeito visual, para que suas obras enfrentem tudo, menos a indiferença dos olhares.As formas do Guggenheim de Bilbao, de Gehry, concluído em 1997 (ano em que foi capa de todas as revistas de arquitetura do mundo), por exemplo, lembram pétalas de flor ou escamas de peixe. Ele classifica o prédio como “a catedral do século 20” e defende a força de seus detalhes. “Para os  modernistas”, diz, “decoração é pecado, mas, se não decorar, como humanizar?” Balançando entre o “torto” e o “reto”, três arquitetos brasileiros e um francês, de diferentes gerações e opiniões, respondem aqui às mesmas perguntas sobre a tendência e revelam suas escolhas e impressões.

Entrevistas:

Marcio Kogan

Eduardo Longo

Anna Dietzsch

Guillaume Sibaud