Paisagem Danada, série de vídeos de Lucas Bambozzi no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, é um desdobramento de estudos feitos para o filme Lavra, que ele dirige e deve ser finalizado neste ano. No documentário, as imagens aéreas remetem ao conceito de solastalgia, uma síndrome associada ao sofrimento causado por uma mudança ambiental muito abrupta.
Produzidos com a ferramenta Earth Studio, do Google, que agrega imagens aéreas de diferentes fontes, a partir de coordenadas de latitude e longitude, os vídeos condensam um perturbador voo sobre o estado de desequilíbrio (ecológico, social e econômico) que nos espreita de todos os lados. Operando no limite entre o hiper-realismo maquínico e as dores de um espaço violentado pela devastação dos recursos naturais, da terra e da água, Bambozzi adentra no espaço aéreo antes reservado apenas às mineradoras que atuam na região.
“Se antes usurpavam apenas as entranhas da terra, de forma barulhenta, mas quase invisível, a danação da paisagem (que produzem) passou a ser de conhecimento muito mais amplo, principalmente depois da ruptura criminosa de barragens mal construídas e pouco cuidadas, em 2015 (Mariana) e 2019 (Córrego do Feijão)”, diz. Nas imagens desses sobrevoos sintéticos, enuncia-se uma agonia que “se intromete nos olhos como poeira de minério de ferro suspenso no ar”.
Leia o texto do artista sobre o projeto Paisagem Danada aqui.