Foi o casamento de seu irmão na cidade de Xangai, em maio deste ano, que levou o fotógrafo catalão Albert Brasó à China, sua primeira vez no país. Em vez de encontrar uma terra de gente austera, descobriu um cotidiano muito diferente do imaginário preconcebido pelo Ocidente. “Me surpreendeu a amabilidade e a boa disposição do povo”, comenta.
Ele, que trabalha com fotografia tradicional e de cinema, captou cenas que buscam traduzir sua constatação “da vitalidade econômica que se respira nas ruas”. “Pode-se notar por aí que se trata de uma sociedade em plena expansão, imagino que ainda mais porque o país vinha de mais de três anos de psicose quanto ao contrário”, conta.
O resultado deu origem à série China Visions, em que Brasó capta o lado B da população chinesa e das ruas de Xangai. O comércio popular, o crescimento urbano desorganizado, os bairros simples, gente comum com roupas coloridas, tudo aquilo que não figura nos livretos das agências de viagens ganha foco pelas lentes do catalão em enquadramentos que privilegiam o espontâneo em detrimento do formal.

Um dos recortes da série, Siesta, retrata o povo dormindo nos lugares mais insuspeitos. “Se aparentemente contradiz o fato de que os chineses trabalham muitas horas por dia, no fim das contas o confirma: dormem em qualquer lugar porque em suas casas, depois de trabalhar, quase não têm tempo de dormir”, avalia.
O aspecto arquitetônico também não escapa de sua mira, ou melhor, a falta de preocupação arquitetônica que contrasta com os edifícios modernos da parte mais rica da cidade. O artista sentiu-se atônito diante de “milhares e milhares de edifícios sem nenhuma aspiração estética, só 30 ou 40 andares de cimento armado até o infinito”.
Mesmo assim, suas fotos transmitem uma alegria que não soa artificial, justamente por trazer o lado imperfeito de um povo considerado obcecado pela produtividade e perfeição. Para ver todas as imagens da viagem de Albert Brasó à China, basta acessar seu tumblr.