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Mulher, Mãe Terra, MST (1996), de André Vilaron [Foto: Coleção André Vilaron]
Postado em 24/08/2022 - 12:12
Agenda para Adiar o Fim do Mundo (24 a 31/8)
Histórias Brasileiras, no MASP, nova edição da SP-Arte e muitas outras aberturas e exposições em cartaz na agenda da semana

Histórias Brasileiras
Depois de polêmicas, cartas abertas e resistências, o MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, por ocasião do bicentenário da Independência do Brasil, abre nesta sexta, 26/7, mais uma mostra da série, iniciada em 2016, dedicada a rever criticamente a história do país. A exposição reúne cerca de 380 trabalhos – sendo 24 inéditos – de aproximadamente 250 artistas e coletivos que contemplam diferentes mídias, suportes, tipologias, origens, regiões e períodos, do século 16 ao 21, organizados em 8 núcleos temáticos: Bandeiras e Mapas, Festas, Mitos e Ritos, Paisagens e Trópicos, Rebeliões e Revoltas, Retomadas, Retratos, e Terra e Território. Neste contexto, a proposta curatorial privilegia as histórias sociais ou políticas a partir da cultura visual, expressando um caráter polifônico e fragmentado, fugindo de uma visão canônica ou totalizante. No mesmo dia, o museu inaugura a Sala de Vídeo: Bárbara Wagner & Benjamin de Burca, que marca a estreia nacional de Fala da Terra (2022), com curadoria de Guilherme Giufrida. R$ 50. 

sem título (1998), de Maria Lira Marques [Foto: Galeria Rodrigo Ratton]
ABERTURAS
SP-Arte Rotas Brasileiras
A edição de agosto da feira paulistana, que acontece na ARCA, na Vila Leopoldina, expande seus horizontes abrangendo múltiplas linguagens artísticas para além da fotografia. Com foco em projetos selecionados, a feira busca estreitar laços entre agentes das cinco regiões do país, valorizando a produção fotográfica e artística de todo o território nacional. Participam 70 expositores, entre galerias de arte e projetos convidados que costuram diferentes pontos de vista do Brasil. Para essa edição, a SP–Arte preocupou-se em trazer expositores de diferentes estados que abordam os diferentes fazeres artísticos brasileiros, desfazendo fronteiras entre o erudito e o popular, o centro e a periferia, o comercial e o institucional e trazendo a cosmovisão de diferentes Brasis. Leia mais na reportagem Da fotografia ao Brasil profundo, publicada no site da revista seLecT. De hoje a domingo, 28/8.

Estudo de Caso Kama Sutra, 55 (2021), de Lais Myrrha [Foto: Divulgação]
Desvairar 22
Com curadoria de Marta Mestre, Veronica Stigger e Eduardo Sterzi, a coletiva, no Sesc Pinheiro, abre neste sábado, 27/8, transitando entre fatos e novos imaginários. “Escolhemos duas imagens fundamentais em torno das quais organizamos nossa comemoração. Os ‘índios errantes’ que, de ‘O Guesa’ de Sousândrade ao ‘Macunaíma’ de Mário de Andrade, povoam os sonhos de escritores e artistas como imagem por excelência dos povos por vir, e um Egito mítico, sobretudo, delirante, invocado com frequência nas artes, como uma espécie de alegoria do próprio inconsciente do tempo na sua busca por outra origem e outra história”, contam os curadores. A mostra reúne mais de 270 itens de artes visuais, música, literatura e arquitetura, que serão apresentados em quatro diferentes núcleos que resgatam o inconsciente da história.

People of the North Portal (selections) (1970), de Barbara Crane [Foto: Barbara B Crane Trust]
Pelas Ruas: Vida Moderna e Experiências Urbanas na Arte dos Estados Unidos, 1893-1976
A Pinacoteca de São Paulo inaugura a mostra, em colaboração com a organização Terra Foundation for American Art, no edifício Pina Luz, neste sábado, 27/8. Com 150 obras, de 78 artistas, dentre eles, reconhecidos nomes da arte norte-americana, como Andy Warhol, Edward Hopper, além de trabalhos de Charles White, Emma Amos, George Nelson Preston, Jacob Lawrence e Vivian Browne, entre outros, a exposição explora os modos como a modernidade se manifesta na produção artística norte americana a partir das transformações das cidades e da observação dos ritmos e dinâmicas da vida nos grandes centros urbanos. “Fizemos a opção por apresentar uma narrativa mais expandida da arte norte americana. A seleção contempla muitos artistas artistas afroamericanos, mulheres e também um indígena”, ressalta Valéria Piccoli, curadora da mostra ao lado de Fernanda Pitta, professora assistente do MAC-USP e curadora da Pina até maio de 2022, e Taylor L. Poulin, curadora-assistente da Terra Foundation. 

Body Suit #2 (2019), de Rodolpho Parigi [Foto: Divulgação]
Latexguernica, de Rodolpho Parigi
A primeira mostra panorâmica da produção do artista paulistano, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake a partir de amanhã, 25/8, narra seu processo de pesquisa por intermédio de um conjunto de obras compreendidas entre os anos 2000 e 2022. Com curadoria de Paulo Miyada, Diego Mauro e Priscyla Gomes, a individual apresenta cerca de 70 pinturas, percorrendo momentos-chave de sua trajetória e destacando a imponência de seus retratos, um dos gêneros pictóricos que atualmente toma grande parte dos seus estudos. Além disso, um mural, intitulado Látex Guernica, com mais de 8 metros de extensão, foi produzido exclusivamente para a mostra, que contou com a colaboração da Galeria Nara Roesler. “Aliando tradição à perversão, prosaísmo à alta cultura, Parigi condensa, na pintura de grandes dimensões Latex Guernica, anos de pesquisa e produção em uma cena que congrega simulacro, realidade e farsa”, afirmam os curadores.

Vista da exposição, no Galpão FDAG, em São Paulo

EM CARTAZ
Tragédia!
A exposição coletiva, com curadoria de Raphael Fonseca, parte de uma livre associação de ideias entre três fatos históricos – um terremoto na cidade de Mogi Guaçu em 1922, a ansiedade paulistana pelo modernismo, no mesmo ano, e a tensão em torno das eleições presidenciais de agora. Incluindo obras de Adriana Varejão, Anderson Borba, Carla Chain, Felipe Abdala, Gabriela Mureb, Gilson Plano, Ivens Machado, Lucas Emmanuel, Mateus Moreira, Mayana Redin, Renato Pera, Rivane Neuenschwander e Sonia Andrade, a mostra versa sobre um mundo que, quando olhado em detalhe, nos convida a observar suas rachaduras e gozar de seu caráter trágico. “Deixemos as independências e as semanas modernistas de lado, e vibremos melancolicamente a partir dos cem anos daqueles quatro segundos catastróficos dados por um tremor de terra”, defende o curador. Em cartaz até 15/10, no Galpão da Fortes D’Aloia & Gabriel.

O Sequestro da Independência (2022), de Daniel Lannes [Foto: Divulgação]
O Sequestro da Independência
Concebida em diálogo com o livro O Sequestro da Independência – Uma História da Construção do Mito do Sete de Setembro, a mostra, em cartaz na Galeria Arte132, até 24/9, gira em torno da história e desdobramentos da construção visual da data de independência do Brasil. Com curadoria de Lilia Moritz Schwarcz, Lúcia Klück Stumpf e Carlos Lima Junior, também autores do livro, todas as pinturas são, propositadamente, exibidas a partir de suas reproduções, pretendendo iluminar as narrativas imagéticas em torno de nossa emancipação política em momentos chave. “Muitas nações se imaginam a partir de uma pintura, a qual, por sua vez, foi imaginada em diálogo com outras telas, muitas vezes estrangeiras. Aqui não foi diferente com a tela Independência ou Morte (1888), de Pedro Américo, explica o trio de curadores. 

Composição (1942), de Atanasio Soldati [Foto: Divulgação]
Lugar-Comum
Em seu terceiro e último ato, a mostra, que teve início em 12/3, no MAC USP, ganha mais 149 trabalhos, entre obras do acervo do Museu e de artistas como Alice Brill, Barrão, Julio Plaza, Rochelle Costi, Regina Vater, Antonio Dias, Eleonore Koch, Ding Musa, Sidney Amaral, Henri Matisse, entre outros. Lugar-comum, que reúne curadores e artistas, de maneira colaborativa, para uma nova abordagem sobre o acervo do MAC USP, busca colocar em discussão a autoridade curatorial da instituição, a relação entre arte e vida cotidiana e as possibilidades de renovação de um acervo institucional a partir de novas leituras resultantes dos diálogos possíveis entre diferentes modos de ver o mundo.

Patuá de Max B.O., em cartaz no Tendal da Lapa, até 15/9 [Foto: Divulgação]
Ojú Adé – O Olho da Coroa no Tendal da Lapa, de Max B.O.
“As obras são inspiradas em meus ancestrais e meus guias, como Sultão das Matas e Capa de Aço, entidades do Ilé Asé Opo Baragbo, minha casa de Asé”, destaca o rapper sobre a individual em cartaz no Tendal da Lapa, até 15/9. A exposição se divide em três principais pilares, com cerca de 50 patuás de parede: uma passagem pelo período das colagens com homenagens a Maria Bethânia e Gilberto Gil;  um mergulho profundo por obras finalizadas em resina epóxi com desenhos, colagens de objetos como botões, plugs de mixer, búzios, entre vários outros; e sua série mais recente, composta por 26 azulejos, intitulada “Orixás, Santos Pretos e Entidades”, com ícones como o Panteão do Candomblé, Zé Pilintra, Santa Sara e Caboclo de Lança. Curadoria de Bonga e Ceres Macedo.

Toalha de rosto, Toalha de Corpo (2022), de Tadáskía [Foto: Divulgação]
Pequenas Pinturas
Está em cartaz, no Auroras, o Ato II da exposição, com curadoria de Pollyana Quintella e Ricardo Kugelmas, reúne obras de quinze artistas em torno da paixão pelo pequeno. “Não há recursos narrativos ou temáticos que justifiquem a aproximação de todos esses nomes. O que os une, o que nos une, é o amor pelo pequeno, o desejo de jogar com ele e observar quantos infinitos cabem em cada um desses fragmentos.”, escrevem os curadores. De modo geral, a exposição apresenta certa diversidade presente na pintura brasileira contemporânea, produzindo um diálogo entre gerações e diferentes perspectivas, com nomes como Eduardo Berliner, David Almeida, Lucia Laguna, Maxwell Alexandre, Renan Teles, Tadáskia e Yuli Yamagata. No percurso expositivo, o público encontra quase uma centena de pequenas pinturas em diferentes cômodos do auroras. É característica desse formato, certa intimidade na experiência com a obra, que exige uma aproximação corpo-a-corpo para deslindar as nuances dos gestos reduzidos. Até 24/9. 

Vista de Obscura Luz, na Galeria Luisa Strina [Foto: Edouard Fraipont]
ÚLTIMOS DIAS
Obscura Luz
Tendo como ponto de partida a instalação homônima de Cildo Meireles, composta por uma caixa branca montada na parede, com uma aba lateral sobre a qual se projeta a sombra de uma lâmpada, a mostra, na Galeria Luisa Strina, reúne um conjunto de obras de artistas de diferentes gerações que lidam com aspectos físicos ou simbólicos da luz e da sombra. ”Trazemos um conjunto de trabalhos que não se submetem a um recorte temático unívoco. Pelo contrário, todos partem de um universo artístico individual, resultando de práticas extremamente distintas que aqui convergem como possíveis respostas à questão: Não ser ou não ser?”, escreve Kiki Mazzucchelli, curadora da mostra. Até 3/9.

Obra da série Poderia Chamar de Amor¿, de Leticia Tandeta

Poderia Chamar de Amor¿, de Leticia Tandeta
A mostra individual da artista carioca reúne três vídeos e a série que dá nome à exposição, composta por 850 duplas de imagens impressas e combinadas. Estas imagens vêm sendo colecionadas individualmente desde 2018. São reproduções de obras de arte postadas no instagram, registros da artista, com seu celular, de trabalhos em exibição no eixo Rio-SP, e registros aleatórios, feitos também com o celular, de paisagens naturais, arquitetônicas ou domésticas. A curadora e também artista visual Bianca Madruga escreve sobre a produção recente de Leticia Tandeta: “O improvável desses encontros convoca ao exercício da desorientação amorosa. As cenas da vida se acham nesse afeto e têm sua força nisso que poderíamos compreender como um discurso amoroso, ou uma carta de amor”. Em cartaz até 29/8, na Galeria Reserva Cultural Niterói.