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Fogo na Fuga (2022), de André Vargas (Foto: Divulgação)
Postado em 30/03/2022 - 11:55
Agenda para Adiar o Fim do Mundo (30/3 a 6/4)
André Vargas, Lenora de Barros, Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona e Contar o Tempo são alguns dos destaques da semana
Da Redação

Acuados entre a impossibilidade de dizer a verdade, como acontece sob qualquer regime totalitário, e a impossibilidade de ouvi-la, como acontece em quem está preso numa câmara de eco, os russófonos há muito tempo desenvolveram meios de dizer a verdade por meio da mentira, de criar uma mentira que, ao mesmo tempo que ridiculariza e denuncia a falsidade da “verdade” oficial, é capaz de transmitir, como uma flecha, a contundente realidade da qual não se escapa. São pessoas comuns, como os anônimos que recentemente parodiaram o maior livro de Tolstói, fazendo circular uma imagem de sua capa em que se lê Operação especial e paz, omitindo a palavra proibida pela mídia oficial russa, “guerra”. – Pedro Taam, em Desfazer o Cisma entre Alma e Palavra, introdução à obra A Palavra Falsa, de Armand Robin, livro que a n-1 lança nesta sexta, 1/4

Fogo Encruzado, de André Vargas 
A Vermelho inaugura a primeira exposição individual do artista, poeta, compositor e educador carioca. Com texto crítico do professor e curador do Museu de Arte do Rio Marcelo Campos, Vargas apresenta trabalhos inéditos em que o fogo aparece como estratégia de resistência e como resposta aos conflitos do tempo atual. “Vargas se dedica a pensar o lugar do fogo tanto nos cultos a Exu e Xangô, quanto na incorporação de elementos de revolta e violência contra um passado colonial cotidianamente renovado”, escreve Campos. Até 30/4. Entrada gratuita.

 

(Foto: Divulgação/Lucas Eskinazi)

ABERTURAS
Contar o Tempo
Acerca do tempo e suas diferentes percepções, o Centro Maria Antonia da USP inaugura hoje, 30/3, às 18h, a mostra com obras de Carmela Gross, Dora Longo Bahia, Rosana Paulino, Laís Myrrha, Marilá Dardot, Marcelo Moscheta, Talles Lopes, Walmor Corrêa, entre outros. O recorte escolhido pela curadora e vice-diretora do espaço, Dária Jaremtchuk, aborda ”a reflexão do fracasso da modernização e do projeto de emancipação nacional no meio das artes”. Durante a abertura, os artistas Aline Motta, Elilson e João Carlos Moreno de Souza apresentam uma performance na Praça que conecta os prédios do Centro Maria Antonia. A curadoria destaca a reunião de artistas ligados à USP, entre estudantes e docentes, com o intuito de demonstrar a importância da formação e a presença da arte e reflexão da universidade na sociedade. A identidade visual da mostra é da artista e diretora de arte da seLecT, Nina Lins. Entrada gratuita.

Sem título (2022), de Santídio Pereira (Foto: JoãoLiberato/Divulgação)

Botânica, de Santídio Pereira 
A Galeria Estação apresenta, a partir dessa quinta, 31/3, mostra com 21 xilogravuras, feitas em 2022, do jovem artista de Curral Comprido (PI). Interessado na diversidade da paisagem natural brasileira, o artista reúne algumas de suas obras de maiores dimensões, nas quais se vê a figuração de trevos, flores e bromélias. “Santídio mudou sua relação com a técnica e com as cores. O colorido está mais variado, contrastado, vívido”, afirma o curador Tiago Mesquita. Entrada gratuita.

Obra de série Histórica – Presidentes Americanos e Líderes Comunistas Vendem Pornografia, de Pedro Moraleida (Foto: Divulgação)

Fluxos Plenos de Desejo, de Pedro Moraleida
A Janaina Torres Galeria apresenta, a partir de 2/4, conjunto de obras do artista mineiro, conhecido por suas criações  provocativas e irônicas. A seleção de obras, pelo curador Ricardo Resende, inclui trabalhos pouco vistos que revelam outras características da produção de Moraleida (1977-1999), como uma série de paisagens com traços viscerais. “É como se estivéssemos descobrindo o artista agora há pouco, em 2017, em Belo Horizonte”, escreve Resende, referindo-se à exposição do artista no Palácio das Artes que foi alvo de protestos naquele ano, “quando sua obra chamou muita atenção por causa do momento político conservador que estamos vivendo”, prossegue o curador. Entrada gratuita.

Sem título (1947), de Geraldo de Barros (Foto: Divulgação)

Retromemória, de Lenora de Barros
Não deixe de conferir a instalação inédita da artista e poeta paulistana, que ocupa a Sala de Vidro do Museu de Arte de São Paulo a partir deste sábado, 2/4. A convite do curador-chefe Cauê Alves, a obra estabelece um diálogo direto com Spider (1996), de Louise Bourgeois, exibida no mesmo espaço do MAM por cerca de 20 anos. O trabalho de Barros é composto por uma instalação sonora que ecoa a voz da própria artista, proferindo as palavras “memória”, “aranha”, “emaranha” repetidamente. No mesmo dia, acontece a abertura de Ruptura e o Grupo: Abstração e Arte Concreta, 70 anos, mostra que revê a exposição histórica do grupo Ruptura, que aconteceu no MAM São Paulo em 1952 e teve duração de somente 12 dias. Curadoria de Heloisa Espada e Yuri Quevedo. R$25

Dormentes (2022), de Lucas Simões (Foto: Divulgação/LucasSimões)

OTIUMmuitoOTIUM, de Lucas Simões
A individual, em cartaz na Casa Triângulo, investiga como momentos de pausa e de ação, hedonismo e prazer podem ser assimilados e traduzidos materialmente. A produção do artista parte do uso de concreto e aço, construindo esculturas que têm origem nas visitas feitas pelo artista às escavações das Casas de Ócio, nos arredores da antiga cidade de Pompeia. ”Sua prática em arquitetura nos traz a ideia do desenho como um agente ativo, o material possui a faculdade de determinar seu comportamento”, escreve Oliver Basciano no texto crítico. Abertura 2/4, das 11h às 17h.

Retrabalho, de Juan Casemiro (Foto: Divulgação)

Projeto Mirante
A primeira edição do programa, sediado no MAC-Niterói e com curadoria de Felippe Moraes, apresenta individual do artista mineiro Juan Casemiro, intitulada Retrabalho, e as coletivas Território Vento – com trabalhos de 6 artistas – e Antropocênica, uma mostra com vídeos de Ricardo Càstro, Patrick Furness e Mari Fraga, artista destaque na edição #52 da seLecT. O programa foca em pautas contemporâneas da jovem produção de arte brasileira e discussões atuais, como território, antropoceno e noções de ruína e trabalho. ”Provocamos o museu a pensar sobre si mesmo, seu lugar social, político e sua relação com a cidade. Trazemos vozes que tensionam os discursos e os formatos expográficos”, conta o curador. A partir de 2/4. 

EM CARTAZ

Carnival Kaleidoscope (2022), de Jan Kálab (Foto: Divulgação)

Calor, de Jan Kálab
“Para o título, escolhemos uma palavra que, ao alterar uma letra da palavra color, torna-se uma menção ao clima e à temperatura: da energia, daquilo que move o mundo, daquilo que também o destrói”, escreve o curador Ulisses Carrilho. A primeira individual do artista tcheco no Brasil, em cartaz na galeria Movimento, reúne pinturas, site specific e uma instalação, que resultam da investigação acerca da luz, temperatura e do presente, por meio de formas e cores em constante expansão e contração. Até 14/5.

Desenho de Adrianne Gallinari (Foto:Divulgação)

Desenho+Pintura, de Adrianne Gallinari 
A primeira exposição individual da artista na Galeria Alban apresenta um conjunto de 28 pinturas, em diferentes formatos, e um desenho em grande escala, realizado em 2018 e exibido recentemente na Casa de Cultura do Parque, em São Paulo. O título da mostra faz referência à prática de Gallinari, que envereda pela intersecção entre desenhos e pinturas, investigando as potencialidades destes suportes artísticos em um conjunto híbrido entre abstração e figuração. Até 30/4. Entrada gratuita.

Ista, Para Dobras e Quinas (2020), de Mayra Rodrigues (Foto: Divulgação)

estruturaPOEMA 
Com o objetivo de abrir espaço no circuito de artes visuais para produções inovadoras no campo da arte contemporânea, o novo programa expositivo do Centro Cultural Justiça Federal apresenta Todo Artista é um Impostor – Uma Antologia de Videopoemas, de Lula Wanderley, e Rezas Heterogêneas, de Mayra Rodrigues. Evandro Salles assina a curadoria das mostras, que também inauguram um novo espaço no CCJF, dedicado a trabalhos de arte sonora e poema visual. Até 22/5. Entrada gratuita.

Livro Bienal de São Paulo desde 1951 (Foto: Divulgação)

INSCREVA-SE
Bienal de São Paulo desde 1951
Em razão do lançamento da publicação, que comemora os 70 anos da Bienal de São Paulo e os 60 anos da Fundação, acontecem, em 31/3, das 14h30 às 19h, no Pavilhão Ciccillo Mattarazzo, três mesas de conversa mediadas por Paulo Miyada com autores do livro, como Bruno Pinheiro, Lula Wanderley, Cláudio Bueno, João Simões, Regina Teixeira de Barros, Caroline Saut Schroeder, Fernanda Albuquerque, Francisco Alambert, Glaucia Villas Bôas, Tiago Gualberto. Inscrições pelo link. Entrada gratuita.

(Foto: Divulgação/JenniferGlass)

TEATRO
Esperando Godot 
Com estreia hoje, 30/3, o Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona faz apresentação inédita da peça escrita por Samuel Beckett, no Sesc Pompeia, às 19h. Além do espetáculo ter forte simbologia para a Companhia, também marca a volta aos palcos de Zé Celso, uma das grandes forças de direção e criação da companhia teatral, como sua primeira direção de teatro depois de 2 anos desde a suspensão imposta pela pandemia. O espetáculo tem temporada de 3 semanas no Sesc SP e segue para estrear na rua Lina Bo Bardi, no terreyro eletrônico do Teat(r)o Oficina, levando essa peça-pulso do aqui agora para o Bixiga. Ingressos pelo link