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Postado em 17/04/2012 - 12:54
Arthur Omar expande nossa consciência
Mariel Zasso

As Portas da Percepção apresenta série de experimentações imagéticas no Oi Futuro, em BH

Corpos_gloriosos

Legenda: A vídeo-instalação Ciência Cognitiva dos Corpos Gloriosos propõe uma exploração a partir da performance dos atores alemães Grabrielle Osswald e Wolfgang Sautermeister (Foto: divulgação)

Abre nesta terça-feira (17) a exposição As Portas da Percepção, de Arthur Omar, uma exploração do campo da antropologia visual através de fotografias, vídeo e instalação. Não por acaso a mostra empresta seu nome de clássicos de Aldous Huxley (1956) e de William Blake (1757-1827) que falam da expansão da consciência. A série inédita de fotografias deste mineiro radicado no Rio de Janeiro, compõe, junto com a instalação “Ciência Cognitiva dos Corpos Gloriosos” e o vídeo “Um Olhar em Segredo”, um conjunto de obras sobre as alterações da percepção e da imagem.

Omar radicaliza sua investigação inventando um processo de captação/percepção para fazer ver as imagens antes mesmo delas de se tornarem fotografia, em uma série perturbadora. Anjos, animais, monstros, fantasmas, deuses, tomam lugar de índios, carnaval e rostos que caracterizaram a produção do artista.

Em Ciência Cognitiva dos Corpos Gloriosos, o artista explora em vídeo o estado contemplativo e lento da percepção e da imagem a partir da performance dos atores alemães Grabrielle Osswald e Wolfgang Sautermeister. Já o vídeo-ensaio Um Olhar em Segredo serve de análise metalinguística da fotografia, a partir da trajetória artística e profissional de Omar, com capturas feitas no Afeganistão, Cuba e Brasil. 

A exposição As Portas da Percepção fica em cartaz até 17 de julho, no Oi Futuro, em Belo Horizonte.

Leia: Ivana Bentes apresenta As Portas da Percepção

Sobre Arthur Omar:

Arthur Omar trabalha com cinema, vídeo, fotografia instalações, música, poesia, desenho, além de ensaios e reflexões teóricas sobre arte.

Temas como o êxtase estético, a violência sensorial e social, as metáforas visuais e a busca de uma nova iconografia para a representação de elementos da cultura brasileira marcam toda sua obra, que passa pelo documentário experimental, a videoarte, a moda, o filme de ficção, a web-arte, a fotografia e as vídeo-instalações.

Foi destaque na Bienal de São Paulo de 2002 com a série Viagem ao Afeganistão, conjunto de 30 fotografias em grandes dimensões compondo paisagens paradoxais, com imagens realizadas na zona de catástrofe, entre Cabul e Bamyan e apresentadas no módulo Cidades Utópicas..

Apresentou na Bienal de São Paulo de 97 a instalação fotográfica A Grande Muralha, painel com 99 fotografias de grande formato e medindo ao todo 40 metros de comprimento, em que trabalhou com imagens do êxtase e do carnaval, parte da série clássica Antropologia da Face Gloriosa, um estudo do rosto e do êxtase fotográfico como dimensão transcendental.

Em 1999 teve uma retrospectiva completa de sua obra de filmes e vídeos no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa-NY) e em 2001 no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro e de São Paulo. Seu longa-metragem Triste Trópico (1974) é reconhecido por diversos críticos como um dos filmes importantes do cinema brasileiro e seus curtas experimentais (Vocês, O Som, Ressurreição, O Inspetor) fazem partes de antologias.

Sua produção contemporânea em vídeo traz uma linguagem extremamente sofisticada, com a criação de metáforas visuais e relações inusitadas entre imagens e sons (Atos do Diamante, Pânico Sutil, A Lógica do Êxtase e o longa-metragem em vídeo Sonhos e Histórias de Fantasmas e Cavalos de Goethe), com desdobramentos no campo das videos-instalações, suporte para o qual desenvolveu uma linguagem própria de forte impacto sensorial e marcada pela imersão do espectador (Inferno, Fluxos).

Publicou os livros de fotografias Antropologia da Face Gloriosa, O Zen e a Arte Gloriosa da Fotografia, Azzuro Amazonia, O Esplendor dos Contrários. A Lógica do Êxtase (filmes e vídeos), Viagem ao Afeganistão, com introdução do filósofo italiano Antonio Negri. Seus trabalhos são apresentados em Festivais internacionais de Cinema e Vídeo e em mostras de Arte dentro e fora do Brasil.