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Postado em 14/05/2014 - 6:44
Big bang de dados
Guilherme Kujawski

Exposição no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona discute as implicações sociais e culturais da chamada Era da Informação

Legenda: Trailer de Internet Machine, filme sobre as infra-estruturas invisíveis da internet

Vivemos na Era da Informação, ou, mais precisamente, do excesso de informação. Mas o que é informação? Do ponto de vista técnico, seria a maneira como os sinais lidam, com base em cálculos de probabilidade, com as incertezas imperiosas do ruído? Do ponto de vista semântico, seria a emergência de um significado na mente de um observador? Do ponto de vista materialista, seria a dança harmônica entre formas, energia e matéria? Há defensores para cada uma das alternativas, mas, mesmo assim, informação continua sendo um significante vazio, tal a gama de definições. 

Não é completamente irreal aventar a hipótese de que os bancos de dados, empilhados em fazendas de servidores ao redor do mundo, representam um aspecto concreto do que quer que seja informação. Afinal, eles geram cerca de 2,5 trilhões de bytes por dia. Daí a pertinência de se montar um evento sobre o assunto, como o fez o Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona e a Fundación Telefónica. Com curadoria de Olga Subirós e José Luis de Vicente, Big Bang Data engloba, além da exposição de artemídia, oficinas, hackathons, programas de educação e encontros com comunidades locais e internacionais.

A exposição é dividida em tópicos temáticos, como Imerso no tsunami (dilúvio e preservação), Visualizando a complexidade (análise e visualização), Nós somos os dados (quantificação e conteúdo gerado pelo usuário), entre vários outros. O espaço expositivo do CCCB é assim transformado, até Outubro, em uma “zona temporária”, hibridizando o formato de exposição com um modelo think tank (chamado pelos curadores de Beta Station). Especialistas e artistas se revezarão em vários diálogos, sendo esta semana a vez de Aaron Koblin (garoto prodígio e coordenador de um laboratório na Google voltado para a “arte dos dados”) apresentar seus projetos, inclusive Flight Patterns, uma visualização do tráfego aéreo nos EUA em um período de 24 horas.

Além da obra de Koblin, há várias outras de máximo interesse. Internet Machine, de Timo Arnall, recupera a materialidade das infra-estruturas de telecomunicações, hoje traduzidas em noções etéreas, tais como “nuvem”. Projetado em alta definição (4K) em três telas de aspecto 16:10, o vídeo registra os intestinos de um dos data centers da Telefónica em Alcalá, Espanha. Dutos hidráulicos, racks para servidores, geradores para situações de contingência e cabos nos reportam às camadas rasteiras da internet, aquelas responsáveis pelo “milagre” da transferência e armazenamento de dados.

Os visitantes que porventura forem ao evento não saem de mãos vazias, como nos lembra Vicente em sua conta no Twitter, podendo levar para casa vários brindes, como pôsteres (Tiempo útil) e cartões postais de famosos data centers, como os construídos em Quincy, cidade localizada no estado norte-americano de Washington.