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Postado em 12/12/2014 - 1:51
Brasil na Paulista
Luciana Pareja Norbiato

Itaú Cultural abre sede fixa para recorte das coleções Brasiliana Itaú e Itaú Numismática em dois andares de sua sede

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Legenda: Vista de parte das 300 gravuras que ladeiam a escada de ligação entre os dois pavimentos do Espaço Olavo Setubal

Se concentra apenas pouco mais de 10% de duas das coleções mais importantes de obras históricas e moedas do país, o novo espaço expositivo que o Itaú Cultural abre no próximo sábado, 13/12 (conforme seLecT publicou em sua edição 21 e replicou no site), é fundamental no panorama de equipamentos culturais brasileiros pelo ineditismo.

Batizados com o nome de Olavo Setubal – responsável por iniciar a formação do acervo de quase 7 mil obras, entre pinturas, tridimensionais, desenhos, aquarelas, têmperas, gravuras, mapas e peças de cartografia – os dois andares que o Itaú Cultural cedeu para o projeto manterão em exibição perene muito mais que um conjunto de obras raras. Testemunham a formação de uma nação por seus aspectos sociais, culturais e artísticos.”É o tipo de exposição obrigatória em qualquer país, mas que até então não tínhamos aqui. Agora, tanto os moradores de São Paulo quanto os turistas do Brasil e do exterior terão a oportunidade de se conhecer as raízes do Brasil”, disse Pedro Corrêa do Lago, curador da Coleção Brasiliana Itaú

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Legenda: O Casamento de D. Pedro I e D. Amélia, de Debret (1829) (foto Edouard Fraipont)

Para exibir os trabalhos apropriadamente (veja galeria de imagens), Daniela Thomas e Felipe Tassara consumiram cerca de dois anos idealizando o projeto e mais três anos executando a obra, que sofreu várias alterações ao longo do período por sua característica de grande vitrine, em que os materiais são como peças de quebra-cabeça, ocupando um lugar específico. “Cada vez que uma nova obra era incluída, tínhamos de refazer o conjunto todo”.

“O espaço expositivo está equipado com a tecnologia mais moderna de que se dispõe hoje em termos de museologia. Muitos dos recursos tiveram de ser criados especialmente para cá”, explicou Felipe Tassara. A ideia é fazer um seminário no Itaú Cultural sobre museologia no início de 2015 para compartilhar essas experiências com outras instituições do Brasil e do mundo.

“Mesmo com toda a tecnologia de ponta, de última geração, o que sobressai na exposição são as obras, elas são o destaque. Não há pirotecnia, a atenção se concentra nos trabalhos”, explica Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. Isso se faz notar na ambientação branca, em que as únicas interferências, para o bem, são os textos explicativos detalhados. Até os vidros, “vindos diretamente da Alemanha”, são do mais eficaz anti-reflexo. “Cuidado para não baterem a cabeça”, brinca Thomas.

Aos poucos, o Itaú Cultural vem realizando iniciativas sem dinheiro público, ou seja, com verba amealhada junto ao próprio banco. É o caso do Espaço Olavo Setubal, que “não contou com um tostão vindo de incentivo fiscal”, conforme fez questão de ressaltar Saron. “Temos que dar o exemplo”, afirmou.

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Legenda: Moedas obsidionais holandesas de 1645 e 1646 (foto Edouard Fraipont)

Daí a contrapartida em retorno para a população ser uma preocupação central dentro das atividades da mostra, principalmente em termos educativos. “Temos um educativo específico para o Espaço Olavo Setubal, com uma atuação voltada com mais ênfase para ensino médio. Mas atenderemos também ensino fundamental, universitários, historiadores e afins. E se algum historiador precisar consultar mais detidamente uma das obras em exibição, poderá fazê-lo com agendamento prévio, numa sala apropriada, porque o que queremos é possibilitar o acesso do público a esse material tão rico e de acesso difícil por outros canais”, diz Saron.

As 969 obras da Brasiliana e as 395 peças da Numismática foram organizadas em um percurso histórico-temático. São nove núcleos com os temas O Brasil Desconhecido, O Brasil Holandês, O Brasil Secreto, O Brasil dos Naturalistas, O Brasil da Capital, O Brasil da Província, O Brasil do Império, O Brasil da Escravidão e O Brasil dos Brasileiros. O acervo vale a visita detida, com tempo para leitura. E deixa no ar uma pergunta: o que seria de um espaço construído pelo Itaú/Itaú Cultural para abrigar permanentemente não só um recorte mais amplo das Brasiliana e Numismática, mas de seu acervo de arte como um todo? “Só para constar, o acervo do Banco Itaú Unibanco é o oitavo entre os bancos no mundo todo”, declara Eduardo Saron.