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Postado em 17/04/2013 - 5:53
Cérebro eletrônico
Fundamental na história da ficção científica, livro Neuromancer, de William Gibson, completa 30 anos
Nina Gazire

Publicado pela primeira vez no Canadá, em 1984, Neuromancer fundou um subgênero que ganharia adeptos e acertaria previsões aparentemente inimagináveis para o futuro. A obra é responsável pelo surgimento do termo Cyberpunk que funde elementos de narrativas noir, retratando proscritos constantemente envolvidos em tramas detetivescas passadas em um ambiente futurista.

A história é uma das primeiras a se apropriar de conceitos como inteligência artificial, engenharia genética e ciberespaço. No livro hackers são chamados de cowboys e se conectam mentalmente em um ambiente virtual comandado por grandes corporações chamado Matrix, e Case, hacker e personagem principal, é sabotado ao ser contaminado por uma toxina que o impede de ligar-se ao ciberespaço. Tudo muda quando ele conhece uma garota chamada Molly que passa a ajudá-lo. Se você parece já ter visto o filme descrito acima, está certo. O filme Matrix, de 1999, é um dos exemplos icônicos do estilo, inclusive se apropriando livremente da história contada no romance fundador de Gibson.

Uma das premissas da obra de Gibson é que no futuro poderíamos conectar diretamente nossos cerébros em supercomputadores. Os defensores do upload mental, como por exemplo o futurologista Ray Kurzweil, tendem a argumentar que o cérebro é uma máquina de Alan Turing – a idéia de que as mentes orgânicos são nada mais do que clássicos informações processadores. É uma suposição derivada da tese de Church-Turing, e que agora dirige grande parte da ciência cognitiva.

Porém, recentemente o site io9, especializado em ficção científica, ciência e cultura pop, publicou um artigo desmentindo a possibilidade. A tese cai por terra a partir de uma declaração do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. Falando recentemente na reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Boston, Nicolelis disse que, “O cérebro não é computável e não há engenharia que possa reproduzi-lo.” A fala refere-se à ideia de transformar as funções cerebrais em pacotes de dados proposta pela tese Church-Turing. “Há aqui um monte de pessoas que vendem a ideia de que você pode imitar o cérebro com um computador”. Nicolelis afirmou que a consciência humana não pode ser replicada em silício, pois sua importante características são o resultado de interações imprevisíveis, não-lineares entre bilhões de células.

Confira aqui a 10 motivos de porque talvez a “matrix” nunca se torne realidade

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William Gibson