Publicado pela primeira vez no Canadá, em 1984, Neuromancer fundou um subgênero que ganharia adeptos e acertaria previsões aparentemente inimagináveis para o futuro. A obra é responsável pelo surgimento do termo Cyberpunk que funde elementos de narrativas noir, retratando proscritos constantemente envolvidos em tramas detetivescas passadas em um ambiente futurista.
A história é uma das primeiras a se apropriar de conceitos como inteligência artificial, engenharia genética e ciberespaço. No livro hackers são chamados de cowboys e se conectam mentalmente em um ambiente virtual comandado por grandes corporações chamado Matrix, e Case, hacker e personagem principal, é sabotado ao ser contaminado por uma toxina que o impede de ligar-se ao ciberespaço. Tudo muda quando ele conhece uma garota chamada Molly que passa a ajudá-lo. Se você parece já ter visto o filme descrito acima, está certo. O filme Matrix, de 1999, é um dos exemplos icônicos do estilo, inclusive se apropriando livremente da história contada no romance fundador de Gibson.
Uma das premissas da obra de Gibson é que no futuro poderíamos conectar diretamente nossos cerébros em supercomputadores. Os defensores do upload mental, como por exemplo o futurologista Ray Kurzweil, tendem a argumentar que o cérebro é uma máquina de Alan Turing – a idéia de que as mentes orgânicos são nada mais do que clássicos informações processadores. É uma suposição derivada da tese de Church-Turing, e que agora dirige grande parte da ciência cognitiva.
Porém, recentemente o site io9, especializado em ficção científica, ciência e cultura pop, publicou um artigo desmentindo a possibilidade. A tese cai por terra a partir de uma declaração do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. Falando recentemente na reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Boston, Nicolelis disse que, “O cérebro não é computável e não há engenharia que possa reproduzi-lo.” A fala refere-se à ideia de transformar as funções cerebrais em pacotes de dados proposta pela tese Church-Turing. “Há aqui um monte de pessoas que vendem a ideia de que você pode imitar o cérebro com um computador”. Nicolelis afirmou que a consciência humana não pode ser replicada em silício, pois sua importante características são o resultado de interações imprevisíveis, não-lineares entre bilhões de células.
Confira aqui a 10 motivos de porque talvez a “matrix” nunca se torne realidade