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Postado em 12/11/2014 - 6:52
Cinema de arte
Luciana Pareja Norbiato

Cine Esquema Novo 2014 acontece a partir de 13 de novembro em Porto Alegre trazendo trabalhos que dissolvem as fronteiras entre sétima arte e visuais

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Legenda: Frame do filme cult e inacabado de Jack Smith, performer e artista experimental que inspirou Andy Warhol

Começa nesta quinta, 13 de novembro, o festival que borra definitivamente as fronteiras entre a sétima arte e as visuais. Em sua oitava edição, o Cine Esquema Novo acontece em diversos pontos de Porto Alegre (veja programação completa no site do evento) trazendo as produções mais experimentais do cinema e as videoinstalações e produções que dão movimento às visuais.

O filme de abertura é um cult oniricamente estético, Normal Love. Realizado em 1963 por Jack Smith, artista performático e realizador underground que inspirou inclusive Andy Warhol, o filme nunca chegou a ser finalizado totalmente, o que confere seu experimentalismo em grau máximo.

Algumas videoinstalações serão exibidas em caráter permanente durante toda a duração do CEN, até 27 de novembro, em quatro espaços da capital gaúcha: galerias Ecarta, Lunara (Usina do Gasômetro) e do Goethe-Institut Porto Alegre, que também recebe uma obra no Auditório.

Além dessas atrações, quatro blocos segmentam os trabalhos incluídos no festival. O primeiro é a Mostra Competitiva Brasil, que traz as produções mais recentes da cinearte nacional. Entre as obras exibidas, está Brasil S.A (2014). O filme do jovem realizador pernambucano Marcelo Pedroso alude no título ao clássico São Paulo S.A., de Luís Sergio Person, para fazer a crítica à atual configuração sócio-política do país, administrado como uma empresa ainda sobre suas bases coloniais.

Brasil Sa - Marcelo Pedroso - Filme Competitiva Brasil

Legenda: Cena de Brasil S. A., de Marcelo Pedroso

Na Mosta CEN + Arsenal Berlin, o maior arquivo de filmes de artista da Europa abriu as portas para a organização do Cine Esquema Novo criar uma seleção entre as mais de 10 mil produções de seu acervo, o que resultou em mostras temáticas de quatro realizadores: Jack Smith, Matthias Müller, Ken Jacobs e Isabell Spengler.

Entre as obras de Ken Jacobs, figura na mostra o curta Capitalism: Slavery (2006), animação que se apropria de uma estereografia de 1895. Nela, escravos participam da colheita em uma fazenda de algodão na Georgia (EUA). 

https://www.youtube.com/watch?v=hD52UcKaN7Q

Legenda: Estereografia que serve de base à animação Capitalism: Slavery (2006), de Ken Jacobs (excerto)

Já na Mostra Ways of Seeing/Forum Expanded, o recorte mais experimental do Festival de Berlim entra no CEN com produções selecionadas pela própria curadora do Forum Expanded, Stefanie Schulte Strathaus. Para se ter uma ideia, nomes como Guy Maddin, Bruce LaBruce, Ken Jacobs, Harun Faroki e Jonas Mekas já participaram desse segmento de um dos festivais de cinema mais tradicionais do mundo, e serão exibidos em Porto Alegre.

Um dos destaques desse programa é o clássico do cinema performático e expandido Line Describing a Cone (1973), de Anthony McCall (EUA). Em lugar da projeção de imagens, o “filme” é formado pela própria intervenção dos espectadores em um cone de luz durante meia hora, e já foi exibido em diversos festivais e instituições como a Tate de Londres.

Line Describing A Cone - Anthony Mccall - Filme Performance Mostra Ways Of Seeing Forum Expanded

Legenda: Público interage com o filme expandido Line Describing a Cone

Finalmente, trabalhos da dupla de artistas-investigadores cinéma copains, formada por Minze Tummescheit e Arne Hector, compõe o programa homônimo. Além de uma residência artística em Porto Alegre, eles exibem obras de sua trajetória e de seu mais recente work in progress, Fictions & Futures #2. Completam a programação debates e workshops.