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Postado em 05/06/2014 - 7:37
Córregos e buracos de minhoca
Guilherme Kujawski

Zipper Galeria abre uma individual de Zezão e o projeto épico de Henrique Oliveira continua em cartaz no MAC/USP até Novembro

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Legenda: Um dos “flops” de Zezão com o skyline de São Paulo ao fundo (foto: Divulgação)

Zezão é um grafiteiro radical. Ele iniciou suas atividades na década de 1990, pintando casas abandonadas, becos desertos, galerias de águas pluviais, paredes de canais de esgoto e outros redutos que bem poderiam servir de lar ao Monsieur Merde, personagem dos filmes de Leos Carax que vive nos subterrâneos de grandes metrópoles. Apesar de já ter sido incorporado ao sistema das artes, tendo inclusive exposto em museus de várias cidades do mundo, a atividade artística de Zezão continua a exumar o bafo do mundo inferior.

Seus “flops”, série de garatujas azuis intricadas semelhantes às gravuras químicas usadas na fresagem de circuitos impressos, ainda podem ser vistos na boca de alguns escoadouros de São Paulo, sua terra natal (tudo começou no córrego Cabuçu de Baixo, segundo sua página na Wikipédia). A partir de 14 de Junho, novos “flops” serão apresentados na primeira individual do grafiteiro na Zipper Galeria, com texto da curadora Thais Rivitti.

Legenda: Henrique Oliveira comenta sobre o seu projeto Transarquitetônica

Outro artista que trabalha com a noção de pistas condutoras e tubulações, mas de forma tridimensional, é o paulista Henrique de Oliveira, que concebeu o projeto mais épico de sua carreira, chamado Transarquitetônica, uma complexa estrutura montada no Museu de Arte Contemporânea da USP. Trata-se de um espaço de travessia, mas sem pontos de referência, como se fosse o buraco de minhoca da física, estrutura topológica hipotética com atalhos no espaço-tempo.

A proposta estética de Oliveira implica na reintrodução de uma arquitetura orgânica, mas sem laivos modernistas, como se fosse uma arquitetura viva e auto-reparadora. É certamente o esboço de um novo conceito habitacional, mais afeito às procelas da natureza crua, uma arquitetura capaz de responder aos estímulos energéticos do meio circundante. Assim como Zezão, Oliveira exuma as radicalidades de um mundo em vias de um novo redirecionamento.

Serviço [1]:

Individual de ZEZÃO | Texto de Thais Rivitti

Abertura: terça-feira, 14 de junho, das 19h às 22h

Período expositivo: de 16 de junho a 09 de agosto de 2014

Horário de funcionamento: segunda a sexta das 10h às 19h, sábados das 11h às 17h

Onde: Galeria Zipper, Rua Estados Unidos, 1494, São Paulo

Serviço [2]:

Transarquitetônica

Onde: MAC USP Nova Sede, Av. Pedro Álvares Cabral, 1301 – São Paulo, SP

Horário de funcionamento: Terça das 10 às 21h / Quarta a domingo, 10 às 18 horas (até 30 de Novembro)