_{Ronaldo Aguiar protagoniza astronautas em cópias azuis com obras de encher os olhos}

Legenda: Cianotipia do artista Ronaldo Aguiar em exposição na galeria Jacqueline Martins, em SP

Em um lugar entre a fotografia e a pintura, entre a transferência de imagem técnica e o acréscimo de elementos inventados, estão situadas estas obras de encher os olhos. Os trabalhos em questão, do fotógrafo Ronaldo Aguiar, estão expostos na galeria Jacqueline Martins, em São Paulo, até o final de junho e possibilitam um mergulho no imaginário das viagens espaciais, assim como em um processo de cópia fotográfica do século 19, frequentemente utilizada para transferir – pela ação da luz – desenhos, plantas e mapas para outros papéis, conhecidos como blue prints. Mas a produção recente do artista passa longe do universo funcional e dialoga, por conta do fascinante azul-da-prússia, com Giotto, Klein, entre outros pintores com predileção pelo azul.

No texto crítico que Thais Rivitti escreveu sobre a exposição, também ela formula a pergunta: “São fotografias ou pinturas? Titubeamos. Nossos olhos certamente vêem a imagem, mas é como se não fôssemos capazes de distinguir ao certo seu estatuto. A técnica fotográfica usada pelo artista, o cianótipo, explica tal confusão dos sentidos. Ela consiste na aplicação de uma solução sensibilizadora no papel – com a ajuda de um pincel, daí as marcas na imagem final nos remeterem à pintura – e sua posterior exposição à luz (solar, nesse caso). As partes expostas à luz ficam azuis enquanto as que estão encobertas permanecem brancas. Qualquer movimento dos objetos na superfície do papel durante o período de exposição resulta em marcas, que também ficam aparentes. Ou seja, a fotografia é realizada de modo direto: com o objeto disposto na superfície do papel. Trata-se de uma das mais antigas técnicas fotográficas, em que a imagem é criada manualmente, sem necessidade de nenhum processo mecânico, e nesse caso, ainda, ao ar livre. Usá-la hoje, quando se tem todas as possibilidades de criação abertas pela imagem digital, pode ser entendido como uma vontade de introduzir o antigo no presente”.

O QUÊ: Godspeed, de Ronaldo Aguiar
QUANDO: Seg. a sex., 11h30 às 19h; sáb., 11h30 às 17h; até 23 de junho
ONDE: Galeria Jaqueline Martins (rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 74, Pinheiros, tel. 0/xx/11/2628-1943)
MAIS: www.galeriajaquelinemartins.com