icon-plus
Postado em 10/06/2014 - 7:39
Futebol-arte
Guilherme Kujawski

Como era de se esperar, dezenas de exposições artísticas sobre o esporte bretão são inauguradas na véspera da abertura da Copa do Mundo 

https://www.youtube.com/watch?v=XDbZu1wDoa4

Legenda: Zidane (2005), vídeo de Douglas Gordon e Philippe Parreno presente na exposição One Shot!, no MuBE

O futebol faz parte da memória afetiva de todo brasileiro, daí a emoção da chegada da Copa do Mundo. Pode-se argumentar que futebol é arte, mas não é o caso; o que nos interessa, nesse momento, são as relações entre arte e futebol. Uma série de exposições começa a “pipocar” no Brasil, cobrindo o tema, seja direta ou indiretamente. A revista seLecT anunciou recentemente uma e, há um ano, profetizou a enxurrada.

Fut_thumb

Há uma exposição na OCA do Ibirapuera, por exemplo, sobre futebol, não exatamente sobre o esporte bretão, mas sobre a esfera, o volume circular perfeito, segundo os filósofos pré-socráticos. Logo, O Artista e a Bola, com obras de artistas consagrados – como Lygia Clark, Mira Schendel e Carlito Carvalhosa –, incidentalmente homenageia a Brazuca, a bola oficial da copa.

Por contraditório que possa parecer, a comunidade LGBT é contemplada com a exposição Diversidade Futebol Clube: no nosso time joga todo mundo, curada por Diógenes Moura e com fotografias que reúnem o universo futebolístico e o universo gay, como a série Futebol das Drags, do fotógrafo Roberto Setton, um registro do evento que comemora o aniversário da boate Blue Space. O evento acontece no Museu da Diversidade Sexual, na Estação República do Metrô.

A exposição Artes da Bola acontece em local inusitado: o hall de entrada de internação do complexo hospitalar Edmundo Vasconcelos. Trata-se de exposição com imagens do fotógrafo paulistano Caio Vilela, conhecido por sua pesquisa de formas populares e improvisadas de se jogar futebol.

Ainda no campo da fotografia, a galeria carioca Luciana Caravello apresenta a exposição Peladas, curada por Waldick Jatobá, que selecionou alguns trabalhos do fotógrafo Leonardo Finotti. É sobre o papel psicossocial dos campos de futebol de várzea na periferia de São Paulo, que estabelecem um espaço público à margem das iniciativas do poder público, geralmente ausente nessas regiões.

O Sesc Santana expõe, como parte da programação Sesc na Copa, a intervenção artística Copa em Jogo, por Matheus Giavarotti e Otávio Zani. É um painel que associa os atores de um jogo de futebol – os jogadores – aos atores sociais, sendo o gramado formado por um conjunto de notícias e informações que se relacionam de forma aleatória. A intervenção também faz parte do projeto Foyer das Artes, que ocupa as paredes do hall de entrada do Teatro do Sesc Santana com trabalhos site-specific.

O MuBE recebe a partir do dia 11 de junho uma exposição idealizada pelo curador belga Pierre-Olivier Rollin (diretor do BPS 22, espaço dedicado à arte contemporânea, na Bélgica). A exposição One Shot! reúne obras em várias mídias de artistas contemporâneos de países diversos, todas elas relacionadas ao futebol. O destaque vai para o trabalho de Philippe Parreno e Douglas Gordon, que usaram 17 câmeras para construir o processo de midiatização de Zinedine Zidane, num jogo do seu último clube, o Real Madrid.

E, no dia seguinte ao da abertura da copa, há uma outra abertura: a da exposição Maracanã, na galeria A Gentil Carioca, com obras de Carlos Bevilacqua, Enrica Bernardelli, Lívia Flores, Marcos Chaves, Omar Salomão, Pedro Lago, Pedro Rocha, Raul Mourão, Roberto Cabot, Romano e Tiago Primo. O bônus é lançamento da camisa educação número 55 por Amora Pêra. Os torcedores esperam apenas que o fantasma da Copa do Mundo de 1950 não esteja presente.