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Postado em 25/11/2014 - 5:49
Grafismos urbanos
Luciana Pareja Norbiato

Mostra Cidade Gráfica traz olhar de Celso Longo, Daniel Trench e Elaine Ramos sobre o design aplicado ao cotidiano das metrópoles; nossa editora de arte elege highlights da expo

05a. Coletivo Oitentaedois _movimento Tipografico A_foto Coletivo Oitentaedois

Legenda: Letra A do  Movimento Tipográfico, projeto do Coletivo Oitentaedois, que recriou o alfabeto com posições do corpo

Como fazer uma mostra de design gráfico sem cair no lugar comum? Pelo olhar das caras jovens – e já expoentes – da cena, caso de Celso Longo, Daniel Trench e Elaine Ramos. Os três assinam a curadoria de Cidade Gráfica, exposição em cartaz no Itaú Cultural até 4 de janeiro.

Em foco, como o nome já sugere, o design gráfico em sua manifestação urbana. São grafites, intervenções, registros de empenas e bidimensionais que se inserem no espaço das pequenas e grandes cidades ou utilizam essa iconografia em sua base. Os projetos chegaram ao trio de curadores tanto por um levantamento ativo quanto por inscrições.

“Isso trouxe trabalhos de todos os lugares do Brasil, sem focar na questão funcional, mas em novas possibilidades do design, menos caretas”, disse a editora de arte de seLecT, Luciana Fernandes. Formada em Design pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, ela esteve na mostra e destaca alguns projetos:

“Eu gostei dos trabalhos do Coletivo Oitentaedois, que são Junho Manifesto e Movimento Tipográfico. No segundo, que se apropria de elementos do hip hop, o alfabeto é recriado a partir de movimentos do corpo de um dos integrantes, Caio Yuzo, que dança break muito bem. Estão na mostra as fotos dos lambes aplicados na cidade de São Paulo e o vídeo”. Que você pode ver na exposição ou aqui:

Legenda: Vídeo do projeto Movimento Tipográfico, do Coletivo Oitentaedois

“O Projeto Estúdio Valongo (2011), de Augusto Sampaio, é o resultado de oficinas com moradores desse bairro de Santos. O pessoal foi convidado a preencher placas quadradas de 10 x 10 cm, divididas em 64 pequenos círculos. Cada pessoa criou um padrão diferente, do jeito que quis. Depois, esses padrões foram unidos em um grande painel, que me remeteu a uma placa de led. O efeito do todo é muito interessante, mesmo tendo sido criado separadamente, ou até por isso.”

 

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Projeto Estúdio Valongo (2011), de Augusto Sampaio

“Um projeto bem-humorado é o Tipos Malditos (1998-2014), de Marcelo Drummond. Ele fez o registro de tipografias de comunicação visual, ou seja, anúncios de serviços em geral realizados precariamente, mas sempre de forma muito criativa.” Drummond percorreu durante 6 anos os estados de Minas Gerais, Bahia e Rondônia e criou um banco de dados com 1,2 mil fotografias classificadas nas categorias morfológica, linguística e geográfica.

08g. Marcelo Drummond_tipos Malditos, 1998-2014_foto Marcelo Drummond

Legenda: Tipos Malditos (1998-2014), de Marcelo Drummond

“Em Dingbat Cobogó (2013), o recifense Guilherme Luigi também usa o alfabeto como base, mas para a criação de uma fonte para computadores, que pode inclusive ser baixada gratuitamente. Em vez de letras, o que surge são padrões de cobogós pesquisados por Josivan Rodrigues (e também na expo) vetorizados por Luigi. Eu, como admiradora da arquitetura modernista brasileira, me apaixonei por esse trabalho.”

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Legenda: Tipos Dingbat Cobogó (2013), de Guilherme Luigi

Fernandes destaca também a expografia, de Helena Cavalheiro e Martin Corullon (Metro Arquitetos Associados). “Como as obras apresentadas não são quadros, especificamente, os arquitetos tiveram de criar uma forma de expor as obras. A estrutura criada para dar suporte às obras, de madeira meio rústica, é bem polivalente. Criou uma alternativa para vários formatos, como o do Junho Manifesto, que é um caderno e fica pendurado, ou para outras obras, que podem até estar só encostadas nessa estrutura. É simples e bonito, o que casa com a proposta da exposição de investigar o design a partir das ruas.”

Cidade Gráfica, até 4 de janeiro, Itaú Cultural, Avenida Paulista, 149, São Paulo