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Postado em 17/05/2013 - 1:47
Os elefantes brancos de 2014
Marcos Diego Nogueira

Deputado federal pelo Rio de Janeiro e o terceiro maior artilheiro da história da Seleção Brasileira, Romário opina sobre os riscos da Copa 2014

Arena_multiuso

seLecT: Como seria a Copa de 2014 perfeita para Romário?

Romário: Quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa 2014, fiquei muito feliz e entusiasmado. Mas, analisando os gastos com as obras e a forma como elas estão sendo executadas, percebi que o sonho da Copa está longe de ser perfeito. O ideal, para mim, seria que todas as obras saíssem dentro do prazo, sendo gasto somente o dinheiro necessário, sem desperdício de recursos públicos. Também gostaria que as obras de mobilidade urbana saíssem do papel, deixando um legado real para o povo brasileiro. Para consagrar tudo isso, obviamente, seria maravilhoso que a nossa Seleção levantasse a taça. Mas, infelizmente, hoje não acredito em nada disso.

Pelé disse que o Brasil é favorito para vencer em 2014. Isso é um mau sinal?

Não vejo o Brasil como favorito, mas também não acho que essa declaração do Pelé seja um mau sinal. Tenho minhas diferenças com ele, mas respeito suas opiniões.

Qual será o real legado positivo (se haverá algum) deixado pela Copa de 2014 para o povo brasileiro?

Haverá, sem dúvida, um avanço em infraestrutura, mesmo que muito longe do ideal, e a divulgação do País no exterior, fato que vai gerar um aumento significativo no fluxo de turistas.

Sabemos que a Copa do Mundo de 2014 vai deixar alguns elefantes brancos para o povo brasileiro. Quais seriam os principais?

Algumas cidades-sede não têm, historicamente, tradição no futebol e estão construindo arenas com capacidade para grandes públicos. Manaus, Natal, Brasília e Cuiabá são os exemplos mais claros de possíveis elefantes brancos. Poderiam ser feitas arenas modestas nessas localidades, embora Brasília seja um pouco complicado, porque é a capital do País. Mas, já que o projeto é outro, a ideia é que, após 2014, esses locais sejam transformados em arenas multiuso para a realização de shows e congressos, por exemplo. Agora, para que isso dê certo, será preciso uma gestão profissional. Existem muitas arenas mundo afora que não dão prejuízo. É só pegar um pouco desses exemplos que teremos resultados positivos.

*Publicado originalmente na edição impressa #11.