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Postado em 16/03/2012 - 11:41
Para depois da Lygia Pape…
Juliana Monachesi

Thereza Salazar e Daniel Nogueira apresentam novos e instigantes trabalhos em galerias de São Paulo

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Legenda: Malabarista (2012), plotter recortado adesivado diretamente sobre a parede da galeria (foto: Divulgação)

Neste sábado os amantes da boa arte têm compromisso certo na Estação Pinacoteca, que inaugura a aguardada mostra Espaço Imantado, exposição de Lygia Pape (1927-2004) concebida para o Museu Reina Sofia, em Madri, e que viajou para Londres antes de aportar em São Paulo. Mas no final de sábado, que promete ter uma tarde ensolarada, que tal visitar algumas exposições de jovens artistas em galerias entre Pinheiros e a Vila Madalena?

Thereza Salazar apresenta na galeria Smith, a partir das 15h, a mostra Fabulações. A exposição começa pela figura emblemática da obra Malabarista (2012), primeiro personagem circense de uma série que representa as figuras sempre de maneira plana e silhuetada, fazendo alusão à tradição da gravura. Para a curadora Angélica de Moraes, a produção de Salazar configura uma investigação de “gravura expandida”, uma vez que os recortes (sejam eles em madeira, em vinil adesivado ou em papel) “trazem elementos de reprodutibilidade, apropriação de imagens gráficas e farto uso do preto-e-branco”, afirma a curadora da exposição.

Outro aspecto instigante da série de trabalhos da artista, para além da técnica, são os mecanismos ficcionais de que ela lança mão. O malabarista, por exemplo, é dotado de quatro mãos e quatro pés e os malabares que equilibra são silhuetas figuras mitológicas, entre monstruosas e mágicas. Conforme observa Angélica de Moraes no texto de apresentação, “há uma boa musculatura simbólica nessa exposição e nessa obra, que pode ser lida como um comentário sobre o lugar do artista como produtor de cultura, sendo transformado (ou deformado) enquanto a produz”.

Os circos antigos e o fascínio pelo monstruoso dão o tom da figuração de Thereza Salazar, configurando uma exposição metalinguística, na opinião da curadora: “Este universo, que já pertenceu ao circo, de pessoas com deformidades monstruosas, párias e freaks em geral, é apropriado pela artista para apontar como, nos tempos atuais, o freak é o artista”, afirma em entrevista aqui na redação da revista. Angélica de Moraes, além de renomada crítica de ate e curadora, é também editora de artes visuais de seLecT.

Além das peças que lidam com o universo circense, Salazar exibe ainda a série Sortilégios, que confronta seres fantásticos como a fênix e o dragão a figuras humanas, e a série Aventuras dos Corpos, que aborda o mundo do circo pelo avesso, com armadilhas de fios determinando movimentos e decupando gestos. Há ainda uma recortes em papel e um livro de artista.

Pinturas de luz

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Legenda: Trabalhos da série Lâmpada Luz Cor, de Daniel Nogueira (foto: Divulgação)

Na galeria Jaqueline Martins, o paulistano Daniel Nogueira apresenta Objeto Processo, mostra que reúne obras das séries LLC (Lâmpada Luz Cor) e PELS (Pintura Espaço Luz Sombra). Em LLC, as experiências do artista partem da luz e do que a faz funcionar, desde as lâmpadas até a fiação e demais apetrechos. Já em PELS, placas de madeira são utilizadas para estruturar planos que avançam da parede rumo ao espaço. 

Na galeria Baró também tem abertura amanhã à tarde: o artista espanhol Enrique Radigales expõe suas investigações sobre os limites e relações entre o analógico e o digital na exposição 12 Metros de Landscape. São duas instalações, duas intervenções pictóricas e quatro pinturas que abordam noções de natureza, observação e reprodução. A Baró Galeria inaugura também a instalação Molas, dos artistas paulistanos Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, máximos expoentes da arte digital brasileira. O projeto da dupla propõe uma série de esculturas “para vestir”, na entrada da galeria.

Outra mostra que tem abertura amanhã é a coletiva Paysage, resultado de uma parceria entre a Aliança Francesa e as galerias Central e Mezanino, que promove uma reunião de fotografias de artistas do acervo da galeria Mezanino em galeria no Brooklin. Integram a mostra Alex Josias, Brunel Galhego, Calebe Simões, Claudia Guimarães, Coletivo 3d4, Cristiano Madureira, Daniel Malva, Leo Sombra, Paulo Ferreira, Renato de Cara, Ricardo Athayde, Vavá Ribeiro e Vina Essinger.