icon-plus
Postado em 12/06/2013 - 2:03
Prove you’re not a robot
Paula Alzugaray

Trabalho artesanal é a bandeira do artista Luiz Roque, que exibe sua primeira exposição individual no Phosphorus em São Paulo

Torredourada

Legenda: Torre Dourada (2012), de Luiz Roque

Esqueça os artistas da pós-produção, incensados pelo crítico e curador Nicolas Bourriaud no livro lançado em 2004 na França. O trabalho artesanal é uma estratégia declarada – senão bandeira – do artista Luiz Roque. Seu Filme Dourado (The Golden Film) (2010), por exemplo, foi realizado em super-8 e revelado artesanalmente, na boa e velha sala escura, em processo especial que lhe confere uma coloração entre o sépia e o dourado. Roque flerta com a ficção científica e com os efeitos especiais, sim, porém sem fazer uso da ilha de edição. A mão de longas unhas brilhantes que em Filme Dourado tateia o mundo, descobre, portanto, uma espécie de novo surrealismo sensorial.

O artista mantém distância dos efeitos fabricados em ilhas de edição mesmo quando deixa de lançar mão de técnicas low tech. Geometria Descritiva é um filme produzido com câmera de alta definição (2500 frames por segundo) que registra a ação de uma bala que atravessa um vidro posicionado contra uma paisagem campestre, em hiper-desaceleração. Tamanho realismo, aos olhos de alguns espectadores, chega a ser interpretado como um trabalho de animação digital. Mas Geometria Descritiva é mais um elogio ao manuseio do equipamento durante o ato da criação artística – e não postumamente a ele.

Assim também o são A Torre Dourada (2012), imagem fotográfica altamente granulada extraída de frame de filme em Super-8, e O Novo Monumento (2013), o mais recente trabalho fílmico de Luiz Roque, realizado em 16mm, em preto e branco granulado. Produzido durante residência artística em Belo Horizonte, O Novo Monumento é um ensaio audiovisual que tem a escultura de Amilcar de Castro como assunto. Sequências com musica, dança, paisagens naturais e coreografias com motociclistas fazem deste trabalho uma intrigante alegoria do modernismo brasileiro.

Os trabalhos integram a mostra O Último Dia, a primeira exposição individual montada no Phosphorus, espaço experimental instalado no centro de São Paulo desde o final de 2011, sob direção da artista Maria Montero. Esta é também a primeira exposição individual de peso de Luiz Roque, já que individuais em galerias comerciais ainda estão fora do espectro do ótimo currículo desse artista artista gaúcho radicado em São Paulo. Roque já apresentou obras em mostras importantes como a 9ª Bienal do Mercosul, o Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural (2011-2013), o evento Performa Paço, no Paço das Artes, e o Festival VideoBrasil (2011).