_{Artista canadense atualiza o repertório de retratos da vida de classe média na América}

Detalhe da obra Boxing, (2011), de Jeff Wall, fotografia colorida, 215 x 295 cm. (Foto: cortesia Marian Goodman Gallery)

O fotógrafo que consagrou nos anos 1980 a fórmula da ampliação em grande formato exibida em backlight, Jeff Wall mostra até sábado (21) obras dos dois últimos anos em individual na galeria Marian Goodman, em Nova York, com uma surpresa: sua metodologia de display fotográfico foi abandonada em favor de uma apresentação mais tradicionalmente “artística”, a da impressão emoldurada. 

O “novo realismo” de Wall – propagandeado no release da mostra – é inteiramente encenado. O artista já declarou seu interesse por realizar retratos a maneira de Caravaggio, Velázquez e Manet. Este último, ele revisitou em Picture for Women (1979), releitura de A Bar at the Folies-Bergère (1881-82), uma das obras mais emblemáticas de Wall, que evidencia seu approach metalinguístico e sua preferência por uma visão da fotografia como meio por excelência para “pintar a vida moderna”.

Na exposição, duas obras se destacam pela exploração do elemento “instantâneo” da fotografia: Boxing (2011) e Boy Falls from Tree (2010). As duas cenas são repletas de referências à vida de classe média, por um lado, e à infância, por outro. E ambas prenunciam um acontecimento que, como frequentemente ocorre na obra de Wall, permanece inquietantemente congelado, para perplexidade do observador acostumado às sequências narrativas (basta lembrar da icônica Milk, de 1984).

Atualmente está também em cartaz, no CGAC – Centro Galego de Arte Contemporanea, em Santiago de Compostela (Espanha), a retrospectiva The Crooked Path, exposição que investiga a produção de Wall desde os anos 1970 até o presente, em paralelo com obras de 59 outros artistas (até 28 de fevereiro de 2012). A mostra foi concebida pelo, e originalmente apresentada no, Palais des Beaux-Arts, em Bruxelas.