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Postado em 02/02/2012 - 8:13
Sangue novo na Bienal de Veneza
Angélica de Moraes

Massimiliano Gioni é anunciado o novo curador-geral da próxima edição, em 2013

Massimiliano_gioni

Legenda: Massimiliano Gioni (Foto: Artnet)

A próxima Bienal de Veneza, a ser inaugurada no verão europeu de 2013, terá curadoria-geral de Massimiliano Gioni. Seu nome foi anunciado dia primeiro de fevereiro pelo presidente do Conselho de Administração da Biennale di Venezia, Paolo Baratta, na mesma ocasião em que confirmou a permanência por mais um ano do coreógrafo e bailarino brasileiro Ismael Ivo como diretor do Setor Dança, cargo que Ivo já ocupa desde 2005 na instituição cultural veneziana. Gioni, que tem 38 anos de idade, é um dos mais jovens críticos a assumir o comando da mais longeva e respeitada mostra de arte contemporânea do mundo. Desde 2007 ele ocupa o cargo de vice-diretor do New Museum (Nova York) e desde 2003 é diretor artístico da Fundação Nicola Trussardi (Milão, Itália). Entre suas curadorias mais recentes está Murakami – Ego, com inauguração prevista para dia 09 de fevereiro, em Doha (Qatar, Emirados Árabes), primeira grande mostra individual do astro japonês da pós-pop art Takashi Murakami no Oriente Médio. Murakami é uma das matérias principais da edição 05 de seLecT, já nas bancas.

Massimiliano Gioni chega ao comando da Bienal de Veneza antecedido por uma sólida e rápida trajetória iniciada no início dos anos 1990 como crítico da edição italiana da revista Flash Art, da qual se tornaria editor para a edição norte-americana no período de 1998 a 2000, quando passou a viver e trabalhar entre Nova York e Milão. Sua primeira intervenção curatorial na Bienal de Veneza aconteceu em 2003, na 50ª edição, quando apresentou o pavilhão La Zona, construção provisória nos Giardini, tradicional local dos pavilhões nacionais permanentes. La Zona reunia jovens artistas em um conjunto ousado e desigual mas corajoso e refrescante da cena de então.

Entre suas principais atuações curatoriais estão a co-curadoria da experimental e renovadora bienal Manifesta 5 (San Sebastian, Espanha, 2004), a co-curadoria (junto com o artista italiano Maurizio Cattelan e Ali Subotnik) da Bienal de Berlim (Alemanha, 2006) e a curadoria geral da bienal de Gwangju (Coréia, 2007). Irreverente e talentoso, criou, em 2002, com Cattelan, o projeto de um novo formato de espaço expositivo: a mini-galeria itinerante Wrong Gallery (Galeria Errada), que foi incluída como corpo estranho e irônico em espaços expositivos institucionais como a Tate Modern (Londres, 2005). Em 2011, ainda ao lado de Cattelan, Gioni retomou a Wrong Gallery em Nova York.

Seus textos críticos são publicados em algumas das mais importantes editoras européias de livros de arte, como Charta (Itália) e Phaidon (Inglaterra). Um dos títulos mais recentes é Defining Contemporary Art: 25 Years in 200 Pivotal Artworks (Definindo a Arte Contemporânea: 25 anos em 200 obras de arte essenciais), que a Phaidon editou em 2011 e da qual Gioni participa ao lado de Bice Curiger (curadora-geral da Bienal de Veneza de 2011), Daniel Birnbaum (curador-geral da Bienal de Veneza de 2009) e Okwui Enwezor (curador da Documenta 11 de Kassel de 2002), entre outros.

Por essas e outras informações da trajetória de Massimiliano Gioni espera-se da próxima edição da Bienal de Veneza uma mostra dinâmica, provocativa e vital. No mínimo, polêmica. Bem ao contrário, aliás, da morna e boring edição de 2011, que submeteu seus visitantes a quilômetros de obras absolutamente dispensáveis ou de uma incompetência gritante.

Espera-se também que Gioni realize uma mais afinada e visível articulação dos espaços expositivos convencionais com os espaços virtuais da internet, como realizou em 2007 na série de mostras Unmonumental (New Museum, NY). Nessa ocasião, entre outras férteis idéias, Gioni apontava as formas fragmentadas da colagem e da assemblage como definidoras de nossa época de símbolos e ícones misturados e sampleados. Apontava especialmente algo que pode, talvez, balizar sua intervenção curatorial em Veneza: o conceito de não-monumental, ou seja, uma arte sem solenidade, provisória e precária como os tempos atuais. SeLecT vai conferir de perto.