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Pink Elements (2019), do grupo Superflex (Foto: Cortesia do Studio Superflex / Galería OMR / Enrique Macías Martínez)
Postado em 13/07/2020 - 11:33
Superflex: Copyright, open source e outras contradições
Coletivo dinamarquês transita entre ações sociais e produção de vídeos temporariamente liberados na internet
Leandro Muniz

Fundado em 1993 por Jakob Fenger (1968), Rasmus Nielsen (1969) e Bjornstjerne Christiansen (1969), o Superflex tem múltiplas frentes de atuação: discussões sobre a história da arte, trabalhos desenvolvidos junto a comunidades ou ainda a produção de cerveja com direitos autorais abertos. Esse ecletismo de práticas está agrupado sob o label que os reúne, sem acúmulo de procedimentos ou elementos formais de um trabalho para o outro.

I Copy Therefore I Am (2011), do grupo Superflex (Foto: Cortesia do Studio Superflex)

O grupo refere-se às suas propostas como ferramentas e um argumento recorrente nos textos críticos é como eles deslocam o trabalho de arte para uma função social, o que se torna mais complexo quando atuam em países subdesenvolvidos. Seja na Tanzânia, na produção de biogás, ou na Amazônia, em crítica às empresas produtoras de guaraná, as ações nesses lugares fazem pensar em colonização e na assimetria de capital econômico e cultural entre o Superflex e os demais agentes envolvidos. Surgem ainda algumas indagações: por que usar as diversas mediações
simbólicas, sociais e institucionais da arte para agir socialmente? Que efeitos esses trabalhos têm de fato nas comunidades? Devido à quarentena, o grupo liberou na internet alguns vídeos já históricos, colocando em questão a lógica de direitos autorais abertos que advoga tanto discursivamente quanto em trabalhos como I Copy Therefore I Am (2013). O vídeo é usado na produção do Superflex como registro de ações, veículo de divulgação ou como obra, sem diferenciação formal significativa entre essas categorias.

No vídeo Flooded McDonald’s (2008), a réplica de uma unidade da cadeia de alimentos fast-food é lentamente alagada, alternando planos gerais e detalhes. Não se sabe qual é a fonte do vazamento nem qual é o final, mas fica claro que se trata de uma encenação. Sem drama, esse simulacro materializa questões presentes no momento em que o vídeo foi produzido e que seguem atuais: da colonização implícita no consumo de massa às hordas de trabalhadores precarizados que o estabelecimento em colapso sugere.

Em momentos de home office e “flexibilização” do trabalho, vale atentar para as propostas do grupo e suas contradições. São um exemplo sintomático para se pensar as relações da arte com a vida social atualmente.

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Vídeo
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superflex.net

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