Como que seduzidas por uma luminosidade que vem do alto, as figuras desenhadas por Gloria Coelho para o Inverno 2012 são verticalizadas e longilíneas. Confeccionados em algodão, crepe de seda, cetim stretch, cetim de seda ou couro de vaca malhada, os looks apresentados no desfile de segunda 23 se comportam como plantas e flores em movimento ascendente. Algumas peças chegam a lembrar botões de tulipas a ponto de desabrochar. Essa é a sensação gerada pelas mangas arredondadas dos casacos, que escapam dos corpos como pétalas que se projetam do núcleo vegetal.
Cores cítricas e intensas são utilizadas de forma extremamente sutil e delicada. Laranjas, verde limão, vermelho, rosa e um azul “estratosfera”, segundo definição da estilista, são apenas entrevistas – ou intuídas – nos forros das mangas ou nas barras das saias. Produzindo uma vibração iminente e silenciosa, as cores vivas se insinuam pontualmente, alegrando a escala cromática clássica da coleção: predominantemente composta de branco e variações (gelo, cinza, argila) com preto e variações (grafite, cinza escuro). Além disso, um toque de cristais e estampas com motivos de lava e fumaça de vulcões.
Mesmo com a afirmativa verticalidade das linhas da coleção, Gloria Coelho investe nos cortes e recortes de tecidos – em forma de quadrados, faixas, listras, geometrias, até mesmo esferas, que remetem a pétalas de flor. E, endossando a sensação vegetal que emana dessas roupas, faz brotar pétalas nos ombros, colo, pescoço. Essa é uma das marcas inconfundíveis do seu estilo: a fragmentação. Completa, Gloria consegue ser ao mesmo tempo linear e segmentada.